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O Olhar Clínico Está Sendo Substituído pela Câmera

Idade Biológica Por Foto: O Olhar Clínico Está Sendo Substituído Pela Câmera
Idade Biológica Por Foto: O Olhar Clínico Está Sendo Substituído Pela Câmera
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Durante décadas, o chamado “teste do olhar” abriu exames médicos: uma avaliação rápida, intuitiva, quase instintiva, feita por médicos sobre o quão bem — ou mal — um paciente aparenta sua idade. Mas agora, essa impressão subjetiva começa a ganhar uma precisão cirúrgica com a chegada do FaceAge, um algoritmo de deep learning que transforma uma simples selfie em uma estimativa precisa da sua idade biológica.

Publicado na The Lancet Digital Health, o estudo conduzido por pesquisadores do sistema de saúde Mass General Brigham e da Universidade de Harvard envolveu o treinamento da IA com mais de 58 mil fotos de adultos saudáveis com mais de 60 anos. Os pesquisadores testaram o algoritmo com 6.196 pacientes com câncer, fotografados antes do início da radioterapia. O resultado: esses pacientes aparentavam, em média, 4,79 anos a mais biologicamente do que sua idade cronológica.

Essa diferença não é apenas estatística. Pois pacientes com uma idade biológica acima dos 85 anos, medida pelo FaceAge, apresentaram uma chance significativamente maior de não sobreviver, mesmo levando em conta idade real, sexo ou tipo de tumor. O algoritmo, portanto, não apenas vê — ele prevê.

FaceAge é uma Ferramenta que Vê Onde o Olho Humano Falha

Imagine dois pacientes: um senhor de 75 anos com vigor e saúde de 65, e outro de 60 anos com o corpo desgastado como se tivesse 70. O primeiro pode tolerar tratamentos agressivos; o segundo talvez não resista. Essa distinção, até agora invisível à maioria dos exames, passa a ser mensurável com uma fotografia.

O algoritmo FaceAge analisa traços que escapam à percepção humana. Rugas, cabelos grisalhos ou queda capilar têm pouco peso no sistema. Pois o que realmente importa, segundo o modelo, são detalhes sutis da musculatura facial, expressões, tonicidade e microtensões que nem mesmo médicos treinados conseguem identificar com precisão.

Para testar a eficiência da IA, os pesquisadores compararam sua performance com a de oito médicos experientes. Quando desafiados a prever quais pacientes terminais morreriam em seis meses, os médicos acertaram pouco mais que o acaso. Mas com o FaceAge, a taxa de acerto aumentou drasticamente. Em termos práticos, isso significa decisões clínicas mais assertivas e menos margem para erro em momentos cruciais.

O Espelho Pode Enganar, Mas o Algoritmo do FaceAge não

O envelhecimento biológico não é linear. Genética, estresse, alimentação, sono, hábitos como fumar ou beber — tudo isso influencia. Até então, os testes genéticos eram uma das poucas formas confiáveis de estimar esse desgaste interno, mas com custos altos e acesso limitado. O FaceAge propõe o oposto: um diagnóstico acessível a partir de uma selfie.

Mais do que uma curiosidade tecnológica, essa proposta levanta questões profundas. Um indivíduo que descobre estar biologicamente mais velho pode ser impulsionado a adotar hábitos saudáveis — ou mergulhar em ansiedade. E se esse dado for utilizado fora do contexto clínico? Empresas de seguro, recrutadores, governos? A equipe do estudo afirma que esse risco está no radar, mas não está descartado.

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A tecnologia, ainda em validação, será disponibilizada inicialmente em uma plataforma pública para voluntários participarem de estudos. A versão comercial, voltada para médicos, depende de mais testes. Ainda assim, o passo está dado — e não há como desver o que o espelho da IA já começou a refletir.

O Dilema Ético do Autorretrato Algorítmico

Se por um lado a medicina ganha uma poderosa aliada, por outro abre-se um terreno sensível. Pois o que acontece quando um algoritmo começa a dizer o que o corpo realmente está sentindo, antes mesmo de sintomas aparecerem? O FaceAge não está apenas oferecendo uma medida, mas está redefinindo o que consideramos como aparência saudável.

Um dos autores, o oncologista Raymond Mak, aponta que o algoritmo pode servir como um novo tipo de biomarcador. Outro pesquisador, Hugo Aerts, diretor do programa de IA médica da MGB, alerta que a tecnologia só deve ser usada “em benefício do paciente”. Mas o risco de desvio é concreto. Mas , e quando maquiagem, cirurgias estéticas ou iluminação interferirem no cálculo? A equipe já está trabalhando em uma nova versão do modelo, mais robusta e menos suscetível a manipulações.

O que era antes um olhar clínico virou uma lente algorítmica. E enquanto médicos aprendem a dialogar com esse novo “especialista”, o mundo precisa decidir quem poderá escutar — e usar — o que ele tem a dizer. A idade cronológica já não basta. O rosto, agora, tem muito mais a contar.

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