O equilíbrio e força representam a base de uma vida saudável, e podem ser a chave para envelhecer com qualidade e evitar problemas de saúde. À medida que envelhecemos, é normal enfrentarmos desafios físicos, mas a velocidade desse declínio varia de pessoa para pessoa. Aqueles que perdem suas capacidades físicas rapidamente estão em maior risco de doenças graves, morte precoce e declínio cognitivo.
A boa notícia é que podemos influenciar nosso desempenho físico por meio de atividade físicas como musculação e prática de outras esportes. No entanto, exercícios simples que melhoram a mobilidade e a força, como levantar-se de uma cadeira rapidamente ou equilibrar-se em um pé só, também podem fazer uma grande diferença na saúde como um todo. Essas atividades focam em áreas essenciais como a força muscular e o equilíbrio, ajudando a manter nossa independência por mais tempo.
Manter a força e o equilíbrio não apenas melhora nossa capacidade de nos movimentar, mas também pode proteger nosso cérebro. Pessoas com melhor desempenho físico têm menor risco de desenvolver demência. Isso ocorre porque o exercício físico ajuda a reduzir a inflamação e o estresse oxidativo, além de aumentar fatores de proteção no cérebro, como o BDNF, uma proteína que combate a degeneração cerebral.
O Que é BDNF?
BDNF, ou Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro, é uma proteína essencial para a saúde do nosso cérebro. Portanto, ele ajuda na sobrevivência, crescimento e manutenção dos neurônios, que são as células nervosas responsáveis por transmitir informações no nosso corpo. Imagine o BDNF como um “fertilizante” para o cérebro. Ele promove a formação de novas conexões entre os neurônios, essencial para processos como aprendizagem e memória. Além disso, o BDNF protege os neurônios existentes e pode até ajudar na recuperação de células danificadas.
A produção de BDNF pode ser aumentada com atividades físicas regulares, como caminhadas, corridas e outros exercícios. Dessa forma, manter níveis saudáveis dessa proteína é importante para manter a função cerebral afiada e pode ajudar a prevenir doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.
Estudo Explorando a Relação entre Demência, Equilíbrio e Força
Um estudo explorou a relação entre demência e os fatores de equilíbrio e força em uma coorte longitudinal de homens australianos. Utilizando dados do Health in Men Study (HIMS), os pesquisadores analisaram como essas capacidades físicas podem prever o desenvolvimento de demência ao longo do tempo. Para isso, os pesquisadores avaliaram homens com idades entre 65 e 79 anos, residentes em Perth, Austrália Ocidental, totalizando 1.335 participantes A demência foi identificada utilizando dados do HIMS
Avaliação do Equilíbrio
Para avaliar o equilíbrio, os pesquisadores utilizaram o escore modificado “Balance Outcome Measure for Elder Rehabilitation”(mBOOMER). O escore mBOOMER varia de 0 a 12, sendo 12 o escore de equilíbrio ideal. Este escore foi calculado a partir de três testes:
- Levantar e Andar: Tempo necessário para levantar-se de uma cadeira, caminhar três metros, virar-se e retornar à posição sentada.
- Degrau: Número de vezes que o participante coloca um pé em um degrau de 7,5 cm e retorna ao chão em 15 segundos.
- Alcance Funcional: Distância que o participante consegue alcançar para frente sem perder o equilíbrio.
Avaliação da Força dos Membros Inferiores
Os pesquisadores avaliaram a força dos membros inferiores por meio de testes de extensão de joelho. Os participantes, sentados com o joelho flexionado a 90 graus, tinham um dinamômetro de mola preso ao tornozelo. Eles eram instruídos a estender a perna contra a resistência do dinamômetro, assim medindo a força em quilogramas.
O Poder do Equilíbrio e da Força
Imagine o equilíbrio e força como uma fundação sólida para o cérebro. No estudo, aqueles que alcançaram pontuações mais altas nos testes de equilíbrio (avaliado pelo mBOOMER) tiveram uma redução acentuada no risco de demência. Dessa forma, isso sugere que, ao melhorar nossa capacidade de manter o equilíbrio, podemos literalmente manter nossas mentes mais estáveis. O equilíbrio, aqui, não é apenas uma habilidade física, mas um indicador de como o corpo e a mente estão funcionando em harmonia.
A força das pernas, medida pelo teste de extensão de joelho, também mostrou um papel crucial. Participantes que demonstraram maior força nas pernas tinham um risco menor de demência. No entanto, o estudo revelou algo ainda mais interessante: o impacto protetor da força muscular foi mais evidente em níveis mais baixos de força. Em outras palavras, para aqueles com músculos mais fracos, qualquer aumento na força poderia ter um grande efeito na redução do risco de demência. Mas, após atingir um certo nível de força (aproximadamente 25 kg), os benefícios começaram a se estabilizar.
O Caminho à Frente
Estes achados abrem novas portas para a pesquisa e a prática clínica. Agora sabemos que tanto o equilíbrio quanto a força muscular são indicadores importantes de risco de demência, mas ainda há muito a explorar. Será valioso explorar se intervenções focadas em melhorar o equilíbrio e a força das pernas poderiam realmente prevenir o surgimento da demência. Ensaios clínicos que testem programas de exercícios específicos poderiam fornecer respostas para isso.
Em última análise, o estudo destaca uma mensagem poderosa: cuidar do corpo não é apenas uma questão de saúde física, mas também de proteção mental. À medida que envelhecemos, manter o equilíbrio e a força muscular pode ser uma das maneiras mais eficazes de garantir que nossa mente continue afiada. Em vez de ver o exercício apenas como uma forma de manter a forma, devemos encará-lo como uma forma de proteger nosso futuro cognitivo. O corpo forte é a base para uma mente forte.
Então, que tal começar hoje mesmo? Incorporar exercícios simples de equilíbrio e força na sua rotina pode ser a chave para um envelhecimento saudável e feliz. Não se trata apenas de viver mais, mas de viver melhor, com mente e corpo em harmonia. Invista em você, mantenha o equilíbrio e a força, e abrace um futuro mais saudável!