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Fantasias Grandiosas: A Chave Oculta para Entender e Regular o Narcisismo Patológico

Fantasias Grandiosas: A Chave Oculta para Entender e Regular o Narcisismo Patológico
Fantasias Grandiosas: A Chave Oculta para Entender e Regular o Narcisismo Patológico
Índice
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Vamos falar sobre algo que pode parecer um pouco abstrato, mas que afeta muitas pessoas de maneira profunda: o narcisismo patológico. Imagine uma pessoa que se vê como o centro do universo, alguém que constantemente precisa sentir-se importante, admirado e poderoso. Esse comportamento caracteriza o narcisismo patológico, uma condição na qual a pessoa tenta manter uma imagem inflada de si mesma, mas que vive num equilíbrio frágil, facilmente abalada.

Esse esforço constante de se sentir especial pode ocorrer de duas maneiras: externamente, por meio das relações com outras pessoas, e internamente, dentro da própria mente. A parte externa, onde o narcisista busca validação dos outros – seja se cercando de admiradores ou reagindo com raiva quando se sente criticado – já foi bastante estudada. Mas o que acontece dentro da cabeça de alguém com narcisismo? Como essa pessoa se regula internamente para continuar acreditando na própria grandiosidade?

Regulação Interna do Narcisismo Patológico

Uma das formas mais comuns de regulação interna é por meio da “fantasia grandiosa”. É como se a mente desse indivíduo fosse um palco onde ele constantemente se imagina sendo aclamado, poderoso, bonito, ou brilhante. Sigmund Freud, um dos primeiros a estudar o narcisismo, descreveu essa tendência de criar fantasias grandiosas como uma característica central da personalidade narcisista.

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Essas fantasias não são apenas devaneios inofensivos; elas desempenham um papel crucial na forma como o narcisista lida com as pressões da vida real. Imagine alguém que sofreu uma humilhação ou uma crítica. Para muitas pessoas, isso pode ser um momento difícil, mas superável. Para um narcisista, isso pode ser devastador. Então, para se proteger dessa ferida no ego, ele mergulha em fantasias visando a admiração por todos, restaurando assim a sua autoimagem. Pessoas com altos níveis de narcisismo tendem a fantasiar mais quando estão estressadas. Além disso, essas fantasias estão frequentemente associadas a emoções negativas, como depressão, ansiedade e até mesmo agressividade.

No entanto, apesar de bastante aceitas, essas observações ainda foram pouco exploradas na comunidade científica. Em um estudo recente, pesquisadores da Universidade de Harvard testaram se quando alguém com traços narcisistas se sente mal, ele realmente escolhe se refugiar em fantasias grandiosas como uma forma de se sentir melhor. Além disso, investigaram se essa estratégia realmente funciona para melhorar o humor e a autoestima dessa pessoa, pelo menos a curto prazo.

Estudo Sobre Narcisismo Patológico

Os pesquisadores recrutaram 193 participantes adultos saudáveis através de uma plataforma online chamada Prolific, que conecta pesquisadores a participantes para estudos. Esses adultos tinham entre 18 e 40 anos, falavam inglês fluentemente e não possuíam condições de saúde crônicas ou deficiências. Além disso, todos moravam nos Estados Unidos e tinham uma boa reputação na plataforma, o que significava que eram confiáveis e respondiam seriamente às pesquisas.

Essas pessoas, depois de lerem a descrição do estudo, decidiram participar. Elas foram informadas de que responderiam a perguntas sobre si mesmas e seu humor, além de escreverem sobre suas vidas. Mas não bastava apenas participar – era essencial que as respostas fossem coerentes e seguissem a lógica do estudo. Caso contrário, suas respostas seriam desconsideradas.

No final, quatro participantes foram excluídos por não atenderem a esses critérios, pois gerarem respostas aleatórias ou tinham histórico de lesão cerebral traumática. Assim, resultando em 189 participantes. A idade média deles era de aproximadamente 29 anos, e havia uma boa diversidade de gênero, orientação sexual e etnia no grupo.

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Além disso, os pesquisadores realizaram o recrutamento de um segundo grupo de 128 pessoas, também pela Prolific, para que elas atuassem como avaliadores externos. Eles avaliaram as respostas dos participantes principais, fornecendo uma visão imparcial sobre as descrições e sentimentos expressos nos textos escritos.

Como Medir Narcisismo Patológico e Outros Fatores?

Para entender melhor os traços de narcisismo dos participantes, os pesquisadores usaram um questionário chamado “Inventário de Cinco Fatores de Narcisismo” (FFNI-SF,). Este questionário consiste em 60 afirmações, como “É fácil conseguir que as pessoas façam o que eu quero” ou “Sou uma pessoa superior”, que os participantes classificam em uma escala de concordância. Os pesquisadores somam as respostas para calcular um “score” de narcisismo, mostrando o quão forte é essa característica em cada pessoa.

Além disso, também utilizamos a “Escala de Autoestima de Rosenberg” (RSES) para medir o quanto os participantes se sentiam bem consigo mesmos. Para avaliar o nível de estresse, ansiedade e depressão dos participantes, usamos a “Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse – 21” (DASS-21). Este questionário é especialmente útil porque permite medir essas três condições de forma separada, o que nos dá uma visão mais completa do estado emocional dos participantes.

Procurando Narcisistas

Os pesquisadores fizeram tudo online, por meio de uma plataforma chamada Qualtrics. Os participantes começaram preenchendo informações demográficas e respondendo a uma série de questionários, incluindo o FFNI-SF, a RSES, e a DASS-21. Após isso, os pesquisadores os dividiram aleatoriamente em dois grupos: um que passou por uma tarefa de indução de mau humor e outro que fez uma tarefa neutra.

Os pesquisadores orientaram aqueles que passaram pela indução de mau humor a pensar em momentos em que falharam ou se decepcionaram e, em seguida, a escrever sobre o evento mais negativo em suas vidas por três minutos. Isso ajudou a garantir que houvesse uma grande variação no humor e na autoestima entre os participantes, o que era crucial para o estudo.

Depois disso, todos os participantes passaram por uma tarefa em que escolheram uma palavra para completar a frase: “Para me sentir bem, vou escrever sobre um momento no futuro em que eu serei: __.” Os pesquisadores dividiram as palavras entre termos que indicavam um estado positivo (como “inspirado” ou “entusiasmado”) e palavras que refletiam grandiosidade (como “poderoso” ou “superior”).

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Dependendo da escolha, os participantes escreveram sobre um evento futuro que os faria sentir-se bem, seja por estarem se sentindo felizes ou por estarem se sentindo poderosos e extraordinários. Após essa escrita, medimos o humor e a autoestima dos participantes novamente, para ver como essas escolhas de escrita influenciaram seus estados emocionais.

Checando as Manipulações e Diferenças entre Grupos

O teste de narcisismo revelou pontuações que variavam entre 80 e 220, com uma média de 150,84. No entanto, quando os participantes tiveram que escolher entre palavras que refletiam grandiosidade (como “poderoso”) ou emoções positivas (como “entusiasmado”), 50 deles optaram por uma palavra grandiosa, enquanto 139 escolheram uma palavra que refletia um estado emocional positivo.

É interessante notar que os dois grupos – aqueles que escolheram palavras grandiosas e aqueles que escolheram palavras positivas – não diferiram significativamente em termos de idade, sexo, raça, ou qualquer outra característica demográfica. Isso significa que as diferenças nas escolhas de palavras não foram influenciadas por esses fatores, permitindo que a análise focasse no impacto do narcisismo.

Os pesquisadores observaram que, como esperado, os avaliadores externos consideraram as fantasias grandiosas (aquelas baseadas nas palavras grandiosas) menos plausíveis e mais ambiciosas em comparação às fantasias baseadas em palavras positivas. Os pesquisadores descobriram, em outras palavras, que os avaliadores consideraram essas fantasias grandiosas como algo mais difícil de se concretizar na vida real. Mas ao mesmo tempo, exibiam um maior nível de ambição e uma atitude mais proativa, sugerindo que os participantes realmente se viam como protagonistas de grandes conquistas futuras.

Impacto do Mau Humor no Narcisismo Patológico

Para verificar o impacto emocional, os participantes foram submetidos a uma indução de mau humor ou a uma tarefa neutra. Como esperado, houve uma grande variação nas mudanças de humor e autoestima entre os participantes. Pois estes variaram desde sentir-se muito pior até permanecerem praticamente inalterados em relação ao início do estudo. Em média, aqueles que passaram pela indução de mau humor experimentaram um aumento significativo no afeto negativo, uma diminuição no afeto positivo, e uma queda na autoestima.

Escolha das Palavras Futuras (Grandiosas vs. Afeto Positivo)

Os resultados confirmaram as expectativas teóricas: pessoas com níveis mais altos de narcisismo eram mais propensas a escolher palavras que refletiam grandiosidade em vez de emoções positivas. Isso faz sentido, pois indivíduos narcisistas tendem a buscar formas de reafirmar sua superioridade e importância, especialmente quando estão se sentindo mal.

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Além disso, quanto maior o aumento no afeto negativo (sentimentos ruins) e maior a queda no afeto positivo (sentimentos bons) antes da tarefa de escolha de palavras, maior era a probabilidade de os participantes escolherem uma palavra grandiosa. Isso sugere que, quando essas pessoas estavam se sentindo pior, elas preferiam se imaginar em situações grandiosas como uma forma de se sentir melhor.

Regulação do Afeto e Autoestima

Quando os pesquisadores observaram como as escolhas de palavras influenciaram o estado emocional dos participantes, acabaram descobrindo algo interessante. Escrever sobre eventos grandiosos foi mais eficaz em reduzir os sentimentos negativos do que escrever sobre eventos positivos. Isso foi especialmente relevante para aqueles com altos níveis de narcisismo. Ou seja, quanto mais narcisista a pessoa, mais ela se beneficiava emocionalmente ao se imaginar em situações grandiosas, o que parece ajudar a aliviar sentimentos ruins.

No entanto, esse efeito foi mais evidente na redução do afeto negativo do que no aumento do afeto positivo ou na melhora da autoestima. Isso significa que, embora essas fantasias grandiosas possam ajudar a se sentir menos mal, elas não necessariamente aumentam sentimentos positivos ou melhoram significativamente a autoestima.

Fantasias Grandiosas Podem Ser Úteis Além do Narcisismo Patológico

Curiosamente, os pesquisadores observaram que mesmo pessoas com níveis mais baixos de narcisismo tendem a recorrer a fantasias grandiosas quando suas emoções pioram. Isso sugere que, embora essas fantasias sejam particularmente úteis para quem tem altos níveis de narcisismo, elas podem ser uma ferramenta de regulação emocional para qualquer um que esteja se sentindo mal. Isso nos lembra que fantasias não são exclusivas de narcisistas, mas um mecanismo de defesa mais geral, algo que todos nós podemos usar em momentos de necessidade.

Tradicionalmente, as fantasias grandiosas são vistas como uma forma de manter a autoestima elevada. No entanto, os resultados do estudo sugerem que essas fantasias também podem ser um regulador poderoso de afetos negativos. Isso levanta a questão: será que as fantasias grandiosas são intrinsecamente prejudiciais, como muitos acreditam? Ou podem, em alguns casos, ter aspectos positivos que contribuem para o bem-estar e o sucesso em certas situações?

Embora o estudo tenha mostrado que essas fantasias têm benefícios a curto prazo, ainda não sabemos quais são os efeitos a longo prazo. Será que essas fantasias levam a um sucesso verdadeiro ou a uma decepção ainda maior? Por exemplo, se alguém fantasia constantemente sobre ser um atleta profissional, mas nunca age para tornar essa fantasia uma realidade, isso pode prejudicar sua autoestima ao longo do tempo. Por outro lado, se essa fantasia os motiva a treinar e buscar seus objetivos, pode ser algo extremamente positivo, mesmo que nunca atinjam o nível profissional.

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O que diferencia uma fantasia benéfica de uma prejudicial pode ser se ela é baseada em experiências passadas e se a pessoa age para realizá-la. Fantasias grandiosas que não têm base na realidade e não motivam ação podem levar a uma maior frustração e sofrimento a longo prazo.

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