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Como a Cannabis Durante a Gravidez Afeta o Desenvolvimento do Bebê

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Índice
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Nas últimas décadas, o uso de cannabis durante a gravidez tem aumentado consideravelmente, passando de 3,4% em 2002 para 7% em 2017 nos Estados Unidos. Esse aumento ocorreu mesmo com os avisos de autoridades de saúde e organizações profissionais sobre os riscos potenciais. A exposição pré-natal à cannabis (EPC) pode levar a resultados adversos no nascimento, como baixo peso e nascimento prematuro, tanto em humanos quanto em modelos animais.

Essa exposição durante a gestação, pode afetar o comportamento da criança ao longo de sua vida. Dessa forma, aumentando as chances de problemas psicológicos e reduzindo a capacidade cognitiva. Modelos animais mostram que a EPC pode alterar características importantes do cérebro, como a forma e a função dos neurônios. Além disso, imagens cerebrais de crianças expostas à cannabis mostram diferenças significativas em comparação com aquelas que não foram expostas. Isso inclui variações no volume cerebral, integridade da substância branca e conectividade entre diferentes partes do cérebro.

No entanto, esses achados ainda precisam ser explorados controlando possíveis fatores de confusão. Fatores como histórico familiar de saúde mental e uso de outras drogas durante a gravidez, como o álcool, também podem influenciar esses resultados. Assim, é crucial continuar pesquisando para entender completamente os impactos da cannabis no desenvolvimento infantil.

Medindo os Efeitos do Uso de Cannabis no Cérebro Durante a Gravidez

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O Estudo ABCD (Adolescent Brain Cognitive Development) é uma pesquisa ampla e contínua que acompanha mais de 10.000 crianças de 9 a 10 anos de idade durante um período de 10 anos até a fase adulta nos Estados Unidos. O objetivo dessa pesquisa é entender como o desenvolvimento cerebral e comportamental é influenciado por vários fatores ao longo do tempo. Vamos explorar os métodos usados nesse estudo de forma acessível e compreensível.

Os dados analisados vieram das duas primeiras ondas de coleta de neuroimagem, incluindo visitas iniciais e de acompanhamento. A amostra consistiu em 16.641 observações de 10.186 participantes. Destes, 373 foram expostos à cannabis antes da mãe saber da gravidez e 195 expostos antes e depois da descoberta da gravidez. Os pesquisadores utilizaram scanners de Ressonância Magnética Estrutural (MRI Estrutural) para mensurar o volume, espessura cortical, área de superfície e profundidade dos sulcos do cérebro dessas crianças.

Além disso, também fizeram Ressonância Magnética por Difusão (dMRI) para analisar como as moléculas de água se movem através do tecido cerebral. Esses dados ajudam a entender a integridade e a saúde das conexões cerebrais, medindo propriedades como anisotropia fracionada e difusividade.

Para entender a atividade cerebral, os pesquisadores também realizaram Ressonância Magnética Funcional em Repouso (rs-fMRI) enquanto as crianças estavam em repouso e observando um sinal de +. Isso os permitiu observar como diferentes áreas do cérebro se comunicam entre si. Imagine isso como ouvir uma conversa telefônica entre várias partes do cérebro.

Explicando conceitos

Anisotropia fracionada refere-se à direção preferencial do movimento das moléculas de água ao longo das fibras nervosas. Por outro lado, difusividade mede a facilidade com que essas moléculas se movem em diferentes direções. Essas medições são importantes porque fornecem informações detalhadas sobre a microestrutura do cérebro, incluindo a densidade e a integridade dos tratos de substância branca. No contexto do estudo, essas propriedades são cruciais para entender como a exposição pré-natal à cannabis pode afetar o desenvolvimento e a funcionalidade das conexões cerebrais. Dessa forma, potencialmente levando a alterações comportamentais e cognitivas observadas nas crianças.

O uso de um sinal de + é uma técnica comum em estudos de rs-fMRI, pois fornece um ponto de fixação neutro para os participantes. Assim, minimizando a variabilidade causada pelo movimento ocular e mantendo o cérebro em um estado de repouso relativo. Ao focar em um ponto fixo, as crianças não são estimuladas por tarefas específicas, permitindo que os pesquisadores capturem a atividade cerebral intrínseca e espontânea. Isso é crucial para mapear as redes de conectividade funcional do cérebro. Estas são vias de comunicação entre diferentes regiões cerebrais que trabalham juntas em repouso. Esses mapas ajudam a identificar padrões de conectividade que podem ser alterados pela exposição pré-natal à cannabis. Assim, fornecendo insights sobre como tais exposições podem influenciar o desenvolvimento e a função cerebral ao longo do tempo.

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Psicopatologias e Comportamentos

Os pesquisadores aplicaram um Questionário de Comportamento Infantil (CBCL), uma ferramenta amplamente utilizada para avaliar uma ampla gama de problemas comportamentais e emocionais em crianças. O CBCL possui 113 itens nos quais os cuidadores, geralmente pais ou responsáveis, classificam a frequência e a intensidade de diversos comportamentos observados nas crianças ao longo dos últimos seis meses.

Este questionário cobre uma variedade de temas, incluindo comportamento agressivo, ansiedade, problemas de atenção, comportamento antissocial, sintomas depressivos, problemas sociais e queixas somáticas. Os pesquisadores aplicam esses questionários anualmente para acompanhar o desenvolvimento comportamental das crianças ao longo do tempo. Dessa forma, permitindo a identificação de padrões e mudanças nos comportamentos e sintomas que podem estar associados à exposição pré-natal a substâncias como a cannabis.

As crianças também completaram um questionário chamado PQ-BC, que mede experiências psicóticas, como pensamentos ou sentimentos estranhos. Os pesquisadores utilizaram as respostas para entender melhor os sintomas e a saúde mental das crianças.

O Real Impacto do Uso de Cannabis Durante a Gravidez

A partir das informações obtidas por meio das imagens cerebrais e dos formulários preenchidos pelos cuidadores, os pesquisadores identificaram algumas “métricas cerebrais” que estão fortemente associadas a certos comportamentos e condições psicológicas em crianças.

Os resultados mostraram que a maneira como certas partes do cérebro se conectam e se comunicam pode influenciar diretamente problemas como falta de atenção, TDAH e comportamento antissocial. Três áreas específicas se destacaram: o forceps minor, que ajuda na comunicação entre os hemisférios do cérebro; o pars triangularis direito, uma parte do lobo frontal relacionada ao planejamento e tomada de decisões; e a rede auditiva junto com o putâmen esquerdo, que estão ligados ao processamento de sons.

Os dados das crianças saudáveis mostraram conexões cerebrais normais nessas áreas, facilitando funções como a comunicação hemisférica, o planejamento e a tomada de decisões, além do processamento auditivo.

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Em contraste, as crianças cujas mães utilizaram cannabis durante a gravidez apresentaram alterações significativas nessas conexões. Essas crianças demonstraram uma tendência maior a problemas de atenção, TDAH e comportamento antissocial. Além das três áreas mencionadas, outras 14 áreas do cérebro também mostraram ligações significativas com o comportamento dessas crianças. Essas áreas incluem tanto a matéria cinzenta quanto a matéria branca do cérebro. A matéria cinzenta é crucial para o processamento de informações e controle muscular, enquanto a matéria branca conecta diferentes partes do cérebro, permitindo a comunicação entre elas. Especificamente, os tratos de substância branca nos lobos frontal e parietal são importantes para ações e reações, assim influenciando desde a tomada de decisões até a percepção sensorial.

Feedback dos Cuidadores

Os formulários preenchidos pelos cuidadores revelaram que crianças expostas à cannabis durante a gravidez e que apresentam problemas de atenção e TDAH tendem a ter conexões alteradas nessas áreas específicas do cérebro. As dificuldades em focar, planejar e reagir a estímulos externos observadas pelos cuidadores estão diretamente relacionadas a essas conexões cerebrais alteradas. Portanto, isso indica que o uso de cannabis durante a gravidez pode afetar significativamente a estrutura e a função do cérebro, moldando o comportamento e as respostas dessas crianças ao seu entorno.

Evidências Crescentes que Cannabis e Gravidez Não Combinam

Os achados deste estudo corroboram a hipótese de que a associação entre a exposição pré-natal à cannabis (EPC) e a psicopatologia, como problemas de atenção, TDAH e comportamento antissocial, pode ser parcialmente atribuída aos efeitos da EPC no desenvolvimento cerebral. Pois, os canabinoides podem interromper a conectividade entre diferentes áreas do cérebro, como o córtex e o estriado, afetando a maneira como o cérebro se desenvolve e funciona. Assim, levando aos desvios comportamentais.

Embora os resultados sejam significativos, existem limitações. As amostras de crianças expostas à cannabis pré-natalmente ainda são relativamente pequenas, e a coleta de dados retrospectivos pode levar a erros de relato. Além disso, faltam informações detalhadas sobre a frequência e quantidade de uso de cannabis durante a gravidez. Este estudo destaca a importância de entender os efeitos da EPC no desenvolvimento cerebral e comportamental.No entanto, é crucial continuar pesquisas para esclarecer como e por que essas mudanças ocorrem e como podemos mitigar os impactos negativos da exposição pré-natal à cannabis.

Busque Alternativas Saudáveis Para Aliviar o Estresse

Os resultados deste estudo deixam claro que a exposição pré-natal à cannabis (EPC) está associada a mudanças significativas no desenvolvimento cerebral e comportamental, aumentando o risco de problemas de atenção, TDAH, comportamentos antissociais e outras psicopatologias. Embora o estudo tenha limitações, como o tamanho da amostra e a coleta de dados retrospectivos, as evidências são suficientes para afirmar que o uso de cannabis durante a gravidez não é seguro.

É fundamental compreender que o período de desenvolvimento fetal é crucial para a formação saudável do cérebro. Alterações nessa fase podem ter efeitos duradouros na vida da criança, impactando seu comportamento e saúde mental ao longo do tempo. Portanto, é muito mais saudável evitar o uso de cannabis e outras drogas durante a gravidez.

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Promover a consciência sobre os riscos do uso de substâncias durante a gravidez é essencial. Assim, devemos buscar prazer e alívio de estresse através de atividades saudáveis, como exercícios, hobbies ou meditação, pode ser uma alternativa mais segura. Além disso, se necessário, procurar ajuda profissional pode proporcionar suporte adequado para lidar com as dificuldades sem recorrer ao uso de drogas.

Portanto, proteger o desenvolvimento cerebral das crianças deve ser uma prioridade, garantindo que elas tenham as melhores oportunidades para uma vida saudável e plena. A conscientização e a busca de alternativas saudáveis são passos fundamentais para garantir o bem-estar das futuras gerações.

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