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Temperatura Corporal e Depressão: Entenda Como o Calor do Corpo Pode Indicar este Transtorno

Temperatura Corporal e Depressão: Entenda Como o Calor do Corpo Pode Indicar este Transtorno
Temperatura Corporal e Depressão: Entenda Como o Calor do Corpo Pode Indicar este Transtorno
Índice
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Já imaginou uma relação entre temperatura corporal e depressão? A prevalência do transtorno depressivo maior (TDM) tem crescido significativamente, com aumento nos diagnósticos, especialmente entre jovens, e uso ampliado de antidepressivos, embora sua eficácia seja limitada. Essa alta prevalência torna urgente a busca por tratamentos que abordem aspectos fisiológicos específicos da depressão. Um desses fatores é a disfunção termorregulatória — dificuldade do corpo em regular a própria temperatura — que desponta como um possível biomarcador. Pesquisas sugerem que a elevação da temperatura corporal, principalmente à noite, pode estar associada a sintomas depressivos.

O estudo TemPredict, conduzido durante a pandemia de COVID-19, investigou a relação entre temperatura corporal e sintomas depressivos em um vasto público global. Para isso, os pesquisadores utilizaram métodos de autorrelato e sensores vestíveis. Os achados indicam que uma temperatura corporal elevada pode se correlacionar com maiores índices de depressão. Dessa forma, sugerindo novos caminhos para entender e tratar o transtorno.

O Contexto da Disfunção Termorregulatória na Relação Entre Temperatura Corporal e Depressão

A disfunção termorregulatória em transtornos afetivos, incluindo a depressão, é um fenômeno bem documentado. Na depressão, observa-se frequentemente uma temperatura corporal elevada em momentos que deveriam ocorrer mecanismos de resfriamento, como o início do sono, essencial para a qualidade do descanso. Essa elevação persiste em alguns casos até durante o dia, evidenciando uma alteração circadiana na qual a amplitude de variação da temperatura entre o estado de vigília e o sono se reduz. Esse padrão sugere que uma regulação térmica disfuncional poderia estar vinculada a um subgrupo de pacientes com características biológicas homogêneas, potencialmente mais responsivos a tratamentos que abordem essa irregularidade térmica.

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Os estudos anteriores, no entanto, foram restritos a pequenas amostras e ambientes laboratoriais controlados, o que limita a generalização dos resultados. O TemPredict avança essa análise ao observar a associação em uma amostra global e não clínica, reforçando a ideia de que a temperatura corporal pode ser um marcador biológico de depressão.

Dados TemPredict

O TemPredict analisou dados de mais de 20.000 adultos de várias regiões do mundo, coletados no início da pandemia de COVID-19. Os participantes usaram dispositivos vestíveis, especificamente o Oura Ring, que mediam continuamente a temperatura distal (superficial) do corpo. Esses dispositivos permitiam o envio de dados diários e mensais sobre sintomas depressivos. Além disso, os participantes autorrelataram suas temperaturas corporais com termômetros manuais. Foram considerados parâmetros como a temperatura média durante a vigília e o sono, além da amplitude diurna. Esta última corresponde à diferença entre as temperaturas nos estados de vigília e sono.

A vigília e o sono são dois estados distintos do ciclo biológico humano, que refletem diferentes níveis de atividade cerebral e corporal.

Vigília: A vigília é o estado em que estamos acordados e conscientes, realizando atividades diárias, como trabalho, interações sociais e tarefas físicas. Durante a vigília, o corpo e a mente estão em um estado ativo e alerta, e processos fisiológicos, como a temperatura corporal e o ritmo cardíaco, tendem a estar em níveis mais elevados.

Sono: O sono, por outro lado, é o estado de repouso em que o corpo e a mente se recuperam. É caracterizado por ciclos de atividade cerebral reduzida, fases de descanso profundo e fases de sono REM (movimento rápido dos olhos), nas quais ocorrem os sonhos. Durante o sono, a temperatura corporal diminui, auxiliando o organismo a conservar energia e favorecer processos de recuperação.

Esses estados se alternam em um ciclo diário, regulado pelo relógio biológico, que controla o ritmo circadiano.

A Relação Entre Temperatura Corporal e Depressão

Os resultados mostraram que uma temperatura corporal mais alta está associada a escores mais elevados de sintomas depressivos. Nos autorrelatos dos participantes, cada aumento de 0,1 °C na temperatura média diária correspondia a uma maior probabilidade de sintomas depressivos moderados ou graves, mesmo após ajustes para idade, sexo e horário de coleta. Então, quando os dados de temperatura distal, coletados por sensores vestíveis, foram analisados, essa associação foi reforçada. Esses sensores captaram variações de temperatura ao longo do dia e da noite, dessa forma, permitindo observar que indivíduos com depressão apresentavam uma menor diferença entre a temperatura durante o sono e a vigília. Em outras palavras, a amplitude diurna de temperatura nesses indivíduos era reduzida, sugerindo uma alteração na regulação térmica.

Outro achado relevante foi a menor diferença entre temperaturas do sono e da vigília em participantes com sintomas depressivos mais severos. Isso sugere uma desregulação na capacidade de resfriamento corporal. Esse fenômeno pode indicar falhas nos mecanismos de termorregulação ligados a processos neurológicos e imunológicos.

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Implicações dos Achados para o Tratamento da Depressão

Os achados do TemPredict reforçam a hipótese de que a depressão pode estar associada a uma dificuldade em manter o equilíbrio térmico, possivelmente devido a falhas nos processos metabólicos e nos mecanismos de resfriamento corporal. A regulação da temperatura corporal é um equilíbrio entre a produção de calor metabólico e a dissipação de calor, regulada pelo sistema nervoso central e periférico. Nesse contexto, a sudorese é um mecanismo crucial para manter a temperatura corporal, pois o suor evapora e resfria a pele.

Assim, a incapacidade de ativar adequadamente os mecanismos de resfriamento, como a sudorese, pode contribuir para as alterações térmicas observadas na depressão. Em alguns casos, isso resulta em retenção excessiva de calor devido à sudorese insuficiente; em outros, pode ocorrer uma sudorese excessiva, como uma resposta desregulada do corpo à elevação de temperatura. Ambas as manifestações indicam uma desregulação no controle térmico, exacerbando as dificuldades em manter o equilíbrio térmico nos indivíduos com depressão.

Evidências indicam que a atividade eletrodérmica, que mede as mudanças na quantidade de suor produzido pelas glândulas sudoríparas, está alterada em indivíduos com depressão. Pesquisas mostram que a depressão pode estar associada a níveis reduzidos de condutância da pele, refletindo uma capacidade reduzida de resfriamento corporal. Essa alteração na sudorese pode sinalizar uma desregulação no sistema nervoso simpático, potencialmente influenciada pelo estresse crônico e pela atividade alterada do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

Entendendo Conceitos

Atividade Eletrodérmica
A atividade eletrodérmica refere-se às mudanças na condutância da pele, diretamente influenciada pelo suor. Quando o corpo reage ao estresse, emoções fortes ou variações de temperatura, o sistema nervoso ativa as glândulas sudoríparas, então provocando alterações na umidade da pele. Esse fenômeno, também chamado de resposta galvânica da pele, ajuda a medir a resposta do corpo a estímulos internos e externos.

Glândulas Sudoríparas
Essas glândulas minúsculas estão espalhadas pela pele e são responsáveis pela produção de suor. Elas atuam como o sistema de resfriamento natural do corpo, liberando suor que, ao evaporar, resfria a pele. As glândulas sudoríparas são especialmente ativas em momentos de calor, estresse ou exercício, portanto, desempenhando um papel essencial na regulação térmica e nas respostas emocionais.

Condutância da Pele
A condutância da pele mede a facilidade com que a eletricidade passa pela pele, influenciada pela umidade liberada pelas glândulas sudoríparas. Quando estamos sob estresse ou calor, a pele fica mais úmida, aumentando sua condutância. Dessa forma, este indicador é útil para monitorar reações emocionais e estados fisiológicos, especialmente em estudos sobre saúde mental, onde pode indicar alterações na resposta ao estresse.

Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HPA)
O eixo HPA é uma conexão complexa entre o cérebro e as glândulas endócrinas que regula respostas ao estresse e a liberação de hormônios. Quando enfrentamos uma situação de estresse, o hipotálamo ativa a glândula hipófise, que por sua vez estimula as glândulas adrenais a liberar cortisol, o “hormônio do estresse”. Esse sistema ajuda o corpo a reagir a ameaças, mas sua ativação constante pode levar a problemas de saúde, incluindo disfunções na termorregulação e impactos na saúde mental.

Perspectivas para Intervenções Terapêuticas Focadas na Regulação Térmica

Intervenções para restaurar o equilíbrio térmico em pessoas com TDM têm mostrado potencial como terapias adjuvantes. Por exemplo, métodos que aumentam temporariamente a temperatura corporal, como a hipertermia de corpo inteiro e saunas infravermelhas, podem provocar uma resposta compensatória de resfriamento. Esse efeito, por sua vez, promove uma redução sustentada da temperatura corporal e, em alguns casos, alivia sintomas depressivos.

Esse tipo de abordagem abre novas perspectivas para tratar subgrupos de indivíduos com TDM que apresentam elevação da temperatura corporal, possibilitando tratamentos mais personalizados e focados nos mecanismos subjacentes específicos de cada paciente.

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Limitações da Relação Entre Temperatura Corporal e Depressão e Direções para Pesquisas Futuras

Embora o TemPredict tenha oferecido dados robustos, algumas limitações merecem consideração. Primeiramente, os métodos de coleta de temperatura variaram, e a falta de padronização no local de medição (bucal versus temperatura distal, por exemplo) pode ter introduzido variabilidades. Além disso, a relação entre as flutuações temporais da temperatura e as mudanças nos sintomas depressivos não foi totalmente explorada. Futuros estudos devem, portanto, considerar uma coleta padronizada de dados para reduzir variáveis não controladas.

O uso de sensores vestíveis também apresentou limitações, pois esses dispositivos medem a temperatura da pele, que pode não refletir a temperatura central do corpo com precisão. Contudo, os sensores oferecem uma coleta contínua de dados, oferecendo insights em tempo real sobre mudanças de temperatura. Essa coleta contínua amplia o entendimento sobre como a termorregulação pode se relacionar com o humor e as variações de sintomas.

Ainda assim, o TemPredict avança no entendimento da relação entre temperatura corporal elevada e sintomas depressivos, sugerindo que a disfunção termorregulatória pode ser uma característica fisiológica da depressão em certos indivíduos. Esses achados não apenas reforçam a hipótese de um possível biomarcador de depressão, mas também abrem novas possibilidades para intervenções terapêuticas. Tratamentos focados em restaurar o equilíbrio térmico podem, assim, oferecer benefícios para subgrupos específicos de pacientes, marcando uma nova abordagem no tratamento personalizado do TDM.

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