A contaminação por microplásticos em suplementos alimentares Ă© uma questĂŁo urgente que precisa de mais atenção. Os microplásticos ou MPs, definidos como partĂculas plásticas menores que 5 mm, estĂŁo presentes em todos os ecossistemas e acumulam-se ao longo da cadeia alimentar. Estudos anteriores demonstraram a presença desses fragmentos em uma variedade de alimentos, como frutos do mar, bebidas e Ăłleos comestĂveis. No entanto, atĂ© agora, havia uma lacuna significativa no conhecimento sobre a ocorrĂŞncia de MPs em suplementos de Ă´mega-3, amplamente consumidos devido aos seus benefĂcios para a saĂşde.
Um estudo recente analisou suplementos de Ă´mega-3 disponĂveis no mercado coreano e revelou nĂveis preocupantes de contaminação por MPs. Foram investigadas tanto amostras de Ăłleos crus quanto de cápsulas, provenientes de fontes animais (AB) e vegetais (PB). Os resultados mostram que a contaminação nĂŁo está relacionada apenas Ă matĂ©ria-prima, mas Ă© amplificada durante os processos industriais de fabricação e encapsulamento. Dessa forma, essa descoberta expõe uma nova camada de preocupação sobre a segurança alimentar e os riscos associados Ă ingestĂŁo diária de microplásticos.
O crescimento do mercado global de suplementos de Ă´mega-3 torna essa questĂŁo ainda mais relevante. Pois com um valor estimado de 7,5 bilhões de dĂłlares em 2022 e uma projeção de dobrar atĂ© 2032, o consumo de Ă´mega-3 está em alta. Entretanto, Ă© fundamental que o pĂşblico esteja ciente dos potenciais contaminantes presentes nesses produtos. O estudo em questĂŁo representa um passo importante para preencher essa lacuna no conhecimento cientĂfico e aumentar a transparĂŞncia em relação Ă segurança dos alimentos funcionais.
Os Resultados da Contaminação por Microplásticos em Suplementos Alimentares
A análise revelou uma mĂ©dia de 1,2 MPs/g em Ăłleos crus PB (do inglĂŞs plant-based) e 2,2 MPs/g em Ăłleos crus AB (do inglĂŞs animal-based), assim mostrando que a matĂ©ria-prima tem nĂveis relativamente baixos de contaminação. No entanto, as cápsulas apresentaram nĂveis significativamente mais altos: 3,5 MPs/g para PB e 10,6 MPs/g para AB. Essa diferença sugere que o processo de encapsulação Ă© a principal fonte de contaminação por microplásticos, em vez do Ăłleo bruto utilizado como base. Portanto, a encapsulação e o manuseio em ambientes industriais expõem os produtos a partĂculas plásticas originadas de equipamentos e embalagens.
Entre os tipos de microplásticos identificados, o polipropileno (PP) e o politereftalato de etileno (PET) foram os mais frequentes, representando mais de 80% das partĂculas detectadas. Esses polĂmeros sĂŁo amplamente utilizados na indĂşstria de alimentos para embalagem e processamento, o que explica sua predominância. AlĂ©m disso, o tamanho das partĂculas analisadas variou entre 5 e 20 ÎĽm, com a maior concentração na faixa de 5 a 10 ÎĽm, representando atĂ© 40% do total. Isso reforça a eficácia do mĂ©todo ÎĽRaman empregado no estudo para detectar MPs de pequenas dimensões.
A ausĂŞncia de diferença significativa entre as fontes vegetais e animais no Ăłleo cru indica que o foco para mitigar a contaminação deve ser o aprimoramento dos processos industriais. A modernização das práticas de encapsulamento e controle de qualidade poderia reduzir significativamente os nĂveis de MPs nos suplementos.
Implicações e Recomendações para o Futuro
Este estudo mostra a necessidade de regulamentações mais rĂgidas na fabricação de suplementos alimentares. Os pesquisadores identificaram os processos industriais como principais fontes de contaminação por microplásticos. Isso exige mudanças substanciais nas práticas de encapsulamento e embalagem. Eles tambĂ©m destacaram a importância de informar os consumidores sobre os riscos da ingestĂŁo de MPs. AlĂ©m disso, ressaltaram a relevância de escolher produtos fabricados em condições mais controladas.
Os cientistas também apontaram o impacto potencial dos microplásticos na saúde humana. Ainda existem lacunas no entendimento sobre os efeitos de longo prazo da exposição aos MPs. Estudos preliminares sugerem que esses contaminantes podem provocar inflamações e outros danos celulares. Por isso, os pesquisadores destacaram a urgência de investigar mais profundamente a presença de MPs em alimentos. Eles também recomendam estudos sobre os efeitos biológicos e toxicológicos desses contaminantes.