Emily Spencer, Edinburgh Napier University
Durante a pandemia, a perda do olfato foi rapidamente identificada como um dos principais sintomas da COVID. Quase quatro anos depois, uma em cada cinco pessoas no Reino Unido vive com olfato reduzido ou distorcido, e uma em cada vinte tem anosmia – a perda total da capacidade de perceber odores. O treinamento olfativo é uma das poucas opções de tratamento para recuperar o olfato perdido – mas podemos torná-lo mais eficaz?
Treinamento olfativo é uma terapia recomendada por especialistas para recuperar o olfato. Trata-se de um processo simples que envolve cheirar um conjunto de diferentes odores – geralmente óleos essenciais, ervas e especiarias – diariamente.
O sistema olfativo tem uma capacidade única de regenerar neurônios sensoriais (células nervosas). Assim como a fisioterapia ajuda a restaurar o movimento e a função após uma lesão, a exposição repetida a odores ajuda a recuperar o olfato após uma infecção ou outra causa de perda olfativa (como um traumatismo craniano).
Vários estudos demonstraram a eficácia do treinamento olfativo em condições de laboratório. Mas descobertas recentes sugerem que os resultados no mundo real podem ser decepcionantes.
Uma razão para isso é que o treinamento olfativo é uma terapia de longo prazo. Pode levar meses até que os pacientes percebam alguma melhora, e algumas pessoas podem não notar nenhum benefício.
Em um estudo, os pesquisadores descobriram que após três meses de treinamento olfativo, a participação caiu para 88% e diminuiu ainda mais para 56% após seis meses. O motivo relatado foi a falta de percepção de melhorias no olfato.
Associações Entre Sentidos
Para melhorar isso, pesquisadores estão investigando como aprimorar o treinamento olfativo. Uma ideia interessante é que informações de nossos outros sentidos, ou “associações entre sentidos”, podem ser aplicadas ao treinamento olfativo para promover a percepção de odores e melhorar os resultados.
Associações entre sentidos referem-se à tendência de pistas sensoriais de diferentes sistemas serem combinadas. Por exemplo, brilho tende a ser associado à intensidade sonora. Altura de som está relacionada ao tamanho. Cores estão ligadas à temperatura, e formas macias são combinadas com formas redondas, enquanto formas pontiagudas parecem mais ásperas.
Pesquisas recentes mostraram que o olfato é influenciado por uma combinação de entradas sensoriais – não apenas odores. Pistas sensoriais como cor, forma e altura de som ajudam na identificação e nomenclatura de odores e influenciam a percepção de prazer e intensidade.
Enquanto projetos para usar essas associações no tratamento da perda olfativa estão em andamento, estudos recentes já mostram resultados promissores.
Em um estudo recente, participantes assistiram a vídeos com sons combinados com os odores que estavam treinando. Os resultados sugerem que interações entre sentidos junto com o treinamento olfativo melhoraram a função olfativa.
Enquanto isso, o treinamento olfativo é a melhor opção para recuperar o olfato perdido. Pacientes são encorajados a persistir para aumentar as chances de sucesso.
Emily Spencer, PhD Candidate, Olfaction, Edinburgh Napier University
Este artigo foi republicado de The Conversation sob licença Creative Commons. Leia o artigo original.