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Reestruturação Cognitiva e Ansiedade Matemática: Como Reenquadrar Emoções Melhora o Desempenho em Matemática

Reestruturação Cognitiva e Ansiedade Matemática: Como Reenquadrar Emoções Melhora o Desempenho em Matemática
Reestruturação Cognitiva e Ansiedade Matemática: Como Reenquadrar Emoções Melhora o Desempenho em Matemática
Índice

A ansiedade matemática é um fenômeno real e recorrente, caracterizado por sensações de desconforto ou medo ao se deparar com tarefas matemáticas. Diferente de um simples bloqueio momentâneo, esse tipo de ansiedade pode acompanhar uma pessoa desde a infância até a vida adulta. Assim, interferindo não apenas no desempenho escolar, mas também em situações cotidianas que exigem raciocínio numérico. A raiz do problema não está apenas no conteúdo matemático, mas na forma como o cérebro reage emocionalmente diante desses desafios.

Neurocientistas e psicólogos buscam compreender como emoções negativas afetam a aprendizagem. Rachel G. Pizzie, da Gallaudet University, liderou um estudo pioneiro que avaliou, por meio de neuroimagem funcional (fMRI), como técnicas de reestruturação cognitiva – também chamada de reappraisal – podem ajudar estudantes a regularem essas emoções. O objetivo era verificar se, ao mudar a maneira de interpretar ou vivenciar a ansiedade, seria possível liberar recursos mentais que poderiam ser direcionados ao raciocínio matemático.

As evidências anteriores já sugeriam que emoções e cognição estão profundamente conectadas, especialmente em disciplinas tradicionalmente percebidas como “difíceis”. Pessoas com alta ansiedade matemática tendem a evitar aulas, cursos e até carreiras ligadas a áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Dessa forma, limitando seu potencial acadêmico e profissional. Por isso, compreender e intervir nessa dinâmica emocional é fundamental para democratizar o acesso e o sucesso em matemática.

Metodologia do Estudo: Da Teoria à Prática no Laboratório

O experimento envolveu 74 estudantes de 13 a 22 anos, todos avaliados quanto ao nível de ansiedade matemática por meio de questionários. Durante o estudo, os participantes foram submetidos a tarefas de analogia matemática e linguística enquanto estavam em um scanner de fMRI, permitindo o mapeamento em tempo real da atividade cerebral.

Antes das tarefas, todos receberam treinamento em reestruturação cognitiva. A técnica consistia em instruções para reavaliar o contexto emocional de cada problema: poderiam imaginar estar explicando o exercício a um amigo, ou relembrar que um pouco de ansiedade pode até ser útil para o foco. Cada bloco experimental alternava entre tentativas de reappraisal e tentativas “naturais”, sem estratégia específica.

Os pesquisadores queriam saber se a estratégia de reenquadramento emocional melhorava o desempenho matemático e quais áreas do cérebro ficavam mais ativas durante esse processo. Eles também controlaram variáveis como familiaridade com o conteúdo e experiência prévia, assegurando que a regulação emocional fosse a principal responsável pelos resultados.

Resultados: Quando Emoção e Razão Trabalham Juntas

Os achados são promissores. Estudantes com maior ansiedade matemática apresentaram pior desempenho nas tarefas, mas esse quadro se alterou quando aplicaram a técnica de reestruturação cognitiva. Durante os blocos em que usaram reappraisal, esses alunos foram mais precisos e rápidos em suas respostas. O efeito foi ainda mais evidente entre os mais ansiosos, mostrando que o reenquadramento emocional pode nivelar as diferenças de desempenho.

Além dos ganhos comportamentais, o estudo revelou mudanças claras no cérebro. Durante as tarefas matemáticas com reappraisal, houve aumento de atividade em áreas ligadas ao processamento aritmético, como o sulco intraparietal bilateral (IPS), além do recrutamento de regiões tradicionalmente ativadas quando se regula emoções negativas. Ou seja, o cérebro de pessoas ansiosas conseguiu “trocar” a ativação típica do medo por padrões associados à resolução matemática e regulação emocional.

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Essa convergência neural sugere que a reestruturação cognitiva não apenas melhora a experiência subjetiva dos estudantes, mas também mobiliza circuitos cerebrais que tornam o pensamento matemático mais acessível. O estudo oferece uma base biológica concreta para intervenções emocionais em educação matemática, indo além de dicas motivacionais e estratégias superficiais.

Desafios e Perspectivas Futuras para Quem Sofre de Ansiedade Matemática

Como toda pesquisa, este estudo tem limitações. A principal delas é o contexto laboratorial: todos os participantes realizaram as tarefas dentro de um scanner de fMRI e com exercícios já conhecidos. Não está claro se os mesmos efeitos seriam observados em situações de sala de aula, com conteúdos menos familiares ou pressões sociais típicas do ambiente escolar.

Outro ponto a considerar é a diversidade de experiências entre indivíduos ansiosos em matemática. Fatores como histórico educacional, estilos de aprendizagem e contexto sociocultural podem modular tanto o nível de ansiedade quanto a eficácia das estratégias de reappraisal. Estudos futuros devem testar essa técnica em grupos mais amplos e variados, além de explorar intervenções práticas para o dia a dia escolar.

Apesar desses desafios, a mensagem central é otimista: regular emoções diante da matemática é possível e mensurável, com efeitos que vão do comportamento ao cérebro. O estudo mostra que repensar a relação entre emoção e razão não é apenas uma questão teórica, mas um caminho prático para transformar experiências de aprendizagem.

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