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Poluente Comum na Água Potável Pode Causar Danos Cerebrais e Comprometer a Cognição, Conheça as PFAS

Poluente Comum na Água Potável Pode Causar Danos Cerebrais e Comprometer a Cognição, Conheça as PFAS
Poluente Comum na Água Potável Pode Causar Danos Cerebrais e Comprometer a Cognição, Conheça as PFAS
Índice

Os per- e polifluoroalquil (PFAS) se tornaram um dos maiores desafios ambientais da era contemporânea. Presentes em praticamente tudo – de panelas antiaderentes e embalagens de alimentos a roupas impermeáveis, carpetes e espumas de combate a incêndios –, esses compostos sintéticos são conhecidos por sua resistência à água, ao calor e à gordura. O problema é que sua durabilidade impede a degradação natural. Assim, fazendo com que se acumulem no solo, na água, no ar e, consequentemente, em organismos vivos.

A exposição aos PFAS pode ocorrer de maneiras surpreendentes: consumindo água potável contaminada, ingerindo peixes e laticínios de áreas afetadas, inalando poeira, ou mesmo usando produtos cotidianos como cosméticos, fio dental e limpadores. Além disso, instalações industriais, áreas militares e resíduos urbanos são fontes constantes de contaminação. Ademais, o uso de biossólidos de estações de tratamento de esgoto como fertilizantes – um ciclo que potencializa a entrada dessas substâncias nos sistemas agrícolas e hídricos.

Análises ambientais e biomonitoramento populacional mostram que a maioria dos americanos já possui PFAS detectáveis no sangue. Embora a maior parte das exposições seja de baixa intensidade, há efeito cumulativo ao longo do tempo. Isso ocorre especialmente em profissionais como bombeiros ou trabalhadores da indústria química. A concentração desses poluentes em sistemas públicos e privados de abastecimento de água é motivo de alerta.

Como a Ciência Revela os Efeitos Neurológicos dos PFAS

Uma pesquisa recente, publicada no Journal of Hazardous Materials, aprofundou o debate sobre os riscos neurotóxicos dos PFAS. Liderada por Qiurong He e colaboradores na China, a equipe expôs camundongos machos a uma mistura realista de 17 compostos PFAS, administrada na água de beber por sete semanas, em concentrações comparáveis às encontradas em ambientes contaminados (0,2 a 20 microgramas por litro).

Ao final do experimento, os cientistas detectaram acúmulo de quatro substâncias – PFPeA, PFHpA, 6:2 FTS e PFOS – nos cérebros dos animais, com níveis superiores aos encontrados no sangue. Isso confirma a capacidade desses compostos de atravessar a barreira hematoencefálica e alcançar concentrações potencialmente nocivas para a atividade neural.

Os efeitos comportamentais e fisiológicos observados foram marcantes. Testes de campo aberto revelaram sinais de ansiedade, com os animais reduzindo a exploração do ambiente e evitando áreas centrais. Em avaliações de memória, houve dificuldade em reconhecer ambientes novos e em distinguir objetos familiares de desconhecidos – um claro prejuízo em atenção, memória e regulação emocional. A análise microscópica do hipocampo, região-chave para a memória, mostrou morte de neurônios e danos estruturais correlacionados com os déficits observados.

Impactos Bioquímicos e Genéticos: O Que Acontece no Cérebro

Para entender a base dos prejuízos comportamentais, os pesquisadores investigaram alterações químicas e genéticas no cérebro e sangue dos camundongos. Constataram uma diminuição em neurotransmissores cruciais, como glutamato, aspartato e triptofano, todos fundamentais para a comunicação sináptica e regulação das emoções. Ao mesmo tempo, houve aumento de marcadores inflamatórios cerebrais, indicando ativação do sistema imune local e possível agravamento dos danos neuronais.

Um achado relevante foi a alteração na expressão de genes ligados aos sistemas de acetilcolina, GABA e ocitocina. Particularmente, a via de sinalização da ocitocina apresentou atividade elevada, o que pode ser uma resposta compensatória à lesão química ou inflamação cerebral. Essas mudanças bioquímicas e genéticas compõem um cenário de múltiplos ataques ao funcionamento normal do cérebro – acúmulo químico, interrupção de neurotransmissores, inflamação e reprogramação gênica.

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Os registros eletrofisiológicos mostraram redução das ondas beta (relacionadas à atenção e memória) e aumento das ondas gama (associadas ao processamento cognitivo). Esse padrão de mudanças nas ondas cerebrais indica disfunção neural abrangente, alinhando-se com os comportamentos de ansiedade e déficit cognitivo observados.

PFAS e o Risco para o Desenvolvimento Infantil

Os achados em animais convergem com pesquisas em humanos. Um estudo paralelo, também no Journal of Hazardous Materials, avaliou amostras de sangue de mais de 1.600 gestantes em Xangai, relacionando níveis de PFOA a maior probabilidade de traços autistas em crianças aos quatro anos de idade. Outro composto, PFHxS, mostrou efeito ampliado em crianças com predisposição genética ao autismo, especialmente em meninos. Alguns resultados variaram conforme a suplementação materna de ácido fólico antes da gravidez.

Essas evidências reforçam a hipótese de que a exposição a PFAS pode prejudicar o cérebro em desenvolvimento, especialmente durante períodos críticos da gestação e infância. Embora os dados humanos ainda sejam escassos e por vezes inconsistentes, o conjunto de resultados aponta para alterações em neurotransmissores, expressão gênica e comportamentos associados a déficits cognitivos.

Os próprios autores alertam: embora o estudo principal tenha sido feito apenas com camundongos machos, esses animais são modelos padrão em neurociência e toxicologia, o que confere relevância às descobertas para a saúde pública.

Política, Regulação e Resistência Industrial: Um Panorama Atual

Apesar do crescente consenso científico sobre os danos causados pelos PFAS, a regulação enfrenta entraves políticos e econômicos. Nos Estados Unidos, medidas da EPA iniciadas em 2019 limitaram PFOS e PFOA na água potável e iniciaram a classificação dessas substâncias como perigosas. No entanto, em 2025, mudanças na liderança da agência resultaram em postergação das normas para 2031, revisão de outras regras e cortes em bolsas e pesquisas voltadas ao tema.

Essas ações geraram preocupação na comunidade científica, que teme o enfraquecimento das proteções justamente quando novas descobertas apontam riscos ainda maiores. Pois a resistência de setores industriais, ações judiciais e reduções orçamentárias têm atrasado o avanço da legislação e a implementação de medidas preventivas.

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O corte de financiamentos também impactou universidades e centros de pesquisa que desenvolviam estudos sobre PFAS na cadeia alimentar e agrícola, comprometendo a produção de conhecimento essencial para o manejo do problema.

Caminhos para o Futuro: Proteção, Monitoramento e Pesquisa

Os resultados mais recentes deixam claro que a exposição prolongada a baixos níveis de PFAS pode afetar o cérebro por múltiplos mecanismos, desde o acúmulo químico até a modulação genética e inflamatória. Esse cenário exige vigilância constante, políticas públicas firmes e, sobretudo, investimento em pesquisa independente.

Os autores do estudo destacam a urgência de ampliar as investigações sobre os impactos dos PFAS em humanos. Além disso, também enfatizam a necessidade de fortalecer o monitoramento ambiental e garantir proteções efetivas para a saúde pública. O corte de financiamentos também impactou universidades e centros de pesquisa que desenvolviam estudos sobre PFAS na cadeia alimentar e agrícola. Essa redução comprometeu a produção de conhecimento essencial para o manejo do problema.

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