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Interesse em Matemática Supera Autoconfiança no Caminho Para Carreiras STEM

Índice

A crença de que apenas os mais confiantes em matemática seguem carreiras em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) está equivocada. Um estudo recente publicado no npj Science of Learning revelou que o interesse pelo tema é o fator mais decisivo nessa escolha, superando a autoconfiança e até mesmo a ansiedade matemática. Essa descoberta contesta pressupostos tradicionais sobre como estudantes escolhem suas trajetórias acadêmicas e pode redefinir estratégias educacionais.

A Crise de Profissionais em STEM e o Papel do Interesse Em Matemática

O estudo foi motivado por uma crise evidente no mercado: a falta de profissionais em STEM no Reino Unido, onde há um déficit superior a 173.000 trabalhadores no setor. Esse problema é amplificado pela baixa representatividade feminina na área—apenas 27% dos profissionais STEM são mulheres, em contraste com 52% da força de trabalho geral. A matemática surge como um dos principais filtros desse funil de exclusão, então sendo um critério que define quem persiste e quem desiste.

Estudos anteriores já mostravam que a proficiência matemática na adolescência influencia diretamente a participação futura em STEM. Entretanto, pouco se sabia sobre a interação entre fatores psicológicos—como ansiedade, autoconfiança e interesse—na decisão de seguir uma carreira na área. Os pesquisadores buscaram preencher essa lacuna ao analisar dados longitudinais que acompanham indivíduos ao longo da juventude.

Métodos e Abordagem da Pesquisa

A pesquisa utilizou dados do Twins Early Development Study, um estudo longitudinal de larga escala realizado na Inglaterra e no País de Gales. A amostra incluiu 7.908 participantes que forneceram dados em três momentos distintos: aos 16 anos (autoconfiança matemática e interesse), aos 18 anos (ansiedade matemática) e aos 21 anos (escolha de carreira STEM). Além disso, o critério de definição de carreira STEM foi baseado na escolha de um curso universitário ou programa de aprendizagem profissional na área.

Para avaliar os fatores psicológicos, os pesquisadores aplicaram questionários padronizados que mediam:

  • Autoconfiança matemática: nível de confiança dos participantes em resolver problemas matemáticos.
  • Interesse em matemática: grau de engajamento e prazer ao lidar com conceitos matemáticos.
  • Ansiedade matemática: sentimentos de nervosismo e desconforto em relação à matemática.

Além disso, os pesquisadores controlaram variáveis como desempenho prévio em matemática (medido por notas no exame GCSE) e status socioeconômico, permitindo uma análise mais precisa dos efeitos individuais de cada fator psicológico.

Interesse em Matemática Como Principal Preditor

Os resultados foram claros: o interesse em matemática foi o fator mais forte para a escolha de carreiras STEM, superando a autoconfiança e a ansiedade matemática. Portanto, indivíduos com maior interesse na disciplina demonstraram uma probabilidade significativamente maior de seguir para STEM, mesmo considerando sua performance acadêmica e contexto socioeconômico.

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Curiosamente, a ansiedade matemática, embora inicialmente associada a menores chances de escolha por STEM, perdeu sua significância quando os pesquisadores consideraram o desempenho em matemática. Isso sugere que a ansiedade impacta mais o desempenho acadêmico do que a decisão profissional em si. Se um estudante ansioso ainda assim tem boas notas, suas chances de ingressar em STEM permanecem altas.

A autoconfiança matemática, por sua vez, não apresentou influência direta nas escolhas de carreira quando analisada junto ao interesse e à ansiedade. Isso contradiz a Social Cognitive Career Theory, que tradicionalmente enfatiza a autoconfiança como fator-chave para decisões profissionais. Os pesquisadores acreditam que a autoconfiança pode atuar indiretamente, promovendo maior envolvimento e motivação para aprender matemática, mas não como um fator decisivo isolado.

Diferenças De Gênero no Impacto dos Fatores Psicológicos

A pesquisa também identificou padrões distintos entre homens e mulheres. O interesse matemático previu escolhas STEM para ambos os gêneros, mas a ansiedade matemática teve um impacto relevante apenas entre os homens. Isso sugere que, para eles, a relação entre identidade e matemática pode gerar um conflito maior, levando à desistência diante da ansiedade.

Já entre as mulheres, a autoconfiança matemática influenciou a escolha de STEM apenas nos modelos não ajustados. Quando o desempenho acadêmico foi levado em conta, essa relação desapareceu. Isso indica que, para as mulheres, a confiança em suas habilidades matemáticas está mais atrelada a evidências concretas (como boas notas), enquanto para os homens o interesse por si só pode ser um motivador mais forte.

Esses achados reforçam a necessidade de políticas educacionais que incentivem o interesse por matemática desde cedo, principalmente entre as meninas. A lacuna de gênero em STEM pode ser menos uma questão de ansiedade ou confiança e mais um reflexo da diferença de engajamento durante a adolescência.

Implicações e Novas Fronteiras de Pesquisa

Embora a pesquisa estabeleça relações robustas entre interesse matemático e escolhas STEM, ela não comprova causalidade. Outros fatores, como incentivo dos pais, apoio de professores e exposição a modelos de referência na área, podem mediar essas decisões. Além disso, a ansiedade matemática na infância pode moldar o interesse e a autoconfiança ao longo do tempo, desencadeando um efeito dominó que exige mais investigação.

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O próximo passo para os pesquisadores é entender melhor como essas variáveis interagem ao longo da vida acadêmica e profissional. Compreender o impacto de influências externas pode ser crucial para criar estratégias educacionais mais eficazes, promovendo maior acesso e mobilidade social na ciência e tecnologia.

O estudo, Mathematics Interest, Self-Efficacy, and Anxiety Predict STEM Career Choice in Emerging Adulthood, foi conduzido por Rebecca Ferdinand, Margherita Malanchini e Kaili Rimfeld e está disponível no npj Science of Learning. Para acessar o artigo completo, clique aqui.

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