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A Nova Fronteira na Ressuscitação Cerebral Pode Ser o Fígado

A Nova Fronteira na Ressuscitação Cerebral Pode Ser o Fígado
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Índice

O fígado, inesperadamente, pode ser a chave para a recuperação do cérebro após uma parada cardíaca, segundo um novo estudo publicado na EMBO Molecular Medicine. Para a maioria, esses eventos representam um ponto quase final para a atividade cerebral. O consenso médico sempre foi que, após alguns minutos sem oxigênio, o cérebro começa a morrer. Mas e se esse conceito estiver errado? Recentemente, pesquisadores chineses reativaram a atividade cerebral em porcos quase uma hora após a morte, tudo graças a um fígado saudável inserido no sistema de suporte vital. Esse feito desafia nossos limites: o fígado pode literalmente reanimar cérebros considerados “perdidos”.

Quando os cientistas falam em “sistema de suporte vital”, eles estão se referindo a uma máquina que imita funções essenciais do corpo, como bombear sangue e fornecer oxigênio. Essa máquina, conhecida tecnicamente como “sistema de perfusão extracorpórea” ou “suporte de vida artificial,” age como uma versão mecânica de órgãos vitais, substituindo temporariamente o trabalho do coração e dos pulmões.

Funciona assim: o sangue é retirado do corpo, passa pela máquina, que oxigena e purifica esse sangue, e depois o devolve aos órgãos. Imagine um sistema de irrigação: ele retira água de um tanque, limpa e purifica, e então espalha essa água por toda a plantação. No corpo, essa “irrigação” contínua mantém os órgãos ativos e oxigenados, mesmo quando o coração e os pulmões estão inativos.

No experimento, além das funções básicas de circulação, os cientistas conectaram um fígado saudável ao sistema de suporte. Esse fígado filtra o sangue e produz substâncias que ajudam a proteger o cérebro. Isso cria uma “linha de vida” para o cérebro, oferecendo uma chance para que ele reative suas funções, mesmo depois de longos períodos sem oxigênio.

Ressuscitando Neurônios: O Impacto do Fígado no Tempo de Sobrevivência Cerebral

No experimento, os cientistas privaram os cérebros de porcos de oxigênio em intervalos entre 10 e 60 minutos, e mesmo aqueles que ficaram sem fluxo sanguíneo por até uma hora exibiram sinais de reativação quando incluíram um fígado saudável no sistema. Imagine o impacto: uma hora representa um período crítico, após o qual os danos geralmente se tornam irreversíveis. No entanto, os neurônios recuperaram atividade e até mesmo sinais de funcionalidade elétrica, rompendo a barreira convencional de recuperação.

Esses cérebros, reanimados 60 minutos após a morte, mantiveram sinais elétricos por três horas antes de começarem a decair. Dessa forma, isso representa um tempo significativo para padrões médicos tradicionais. A presença do fígado preservou a integridade de áreas como o hipocampo, essencial para memória, e sustentou sinais de vida que pareciam impossíveis. No entanto, sem o fígado, a atividade cerebral se extinguiu rapidamente, assim enfatizando o potencial único do fígado em prolongar a viabilidade cerebral em condições extremas.

Esse fenômeno questiona se estamos limitados por protocolos arcaicos. E se o fígado representar a peça fundamental para expandir o tempo de recuperação cerebral, possibilitando o resgate de cérebros em condições antes consideradas irreversíveis?

A Importância dos Intervalos: Desafios da Ressuscitação em Casos Críticos

Ao estender os testes para intervalos de até 240 minutos, os pesquisadores se depararam com uma realidade intrigante. Para cérebros mantidos sem oxigênio por quatro horas, o retorno à atividade foi inatingível, mesmo com o suporte hepático. Esse dado ressalta que, embora o fígado tenha o potencial de ampliar a janela de recuperação, ele também tem limites. Após 240 minutos, os danos cerebrais são profundos demais, e o fígado sozinho não consegue reverter o colapso.

Porém, a descoberta do “limite de 60 minutos” para a reativação sustentada desafia a visão convencional. O termo “reativação” aqui se refere ao retorno temporário dos sinais elétricos que indicam uma função cerebral básica. Os cientistas restabeleceram a atividade em cérebros mantidos até 50 minutos sem fluxo e mantiveram essa atividade por seis horas; já em intervalos de 60 minutos, conseguiram uma reativação mais curta, de apenas três horas. Essa diferença sutil revela o poder do fígado para retardar o declínio neurológico, mas aponta também para uma “janela de ouro” na ressuscitação cerebral que depende diretamente de intervenções rápidas.

O Fígado Como Escudo Contra a Inflamação: Um Novo Papel na Proteção Cerebral

Quando o cérebro fica sem oxigênio por muito tempo, uma condição chamada isquemia, a barreira hematoencefálica – que normalmente protege o cérebro de substâncias e células nocivas – perde parte de sua capacidade de defesa e se torna permeável. Essa fragilidade permite a entrada descontrolada de células inflamatórias, que acabam agravando os danos cerebrais. No experimento, os pesquisadores notaram que, com o fígado conectado ao sistema de suporte, essa invasão inflamatória se reduziu drasticamente, ajudando a proteger o cérebro de danos adicionais.

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Nos cérebros sem suporte hepático, a inflamação foi significativa, com uma grande quantidade de células CD45+ infiltrando o tecido cerebral. Porém, quando o fígado era incluído, essa resposta era controlada, sugerindo que o fígado serve como um verdadeiro “escudo” contra o colapso inflamatório. Essa função protetora redefine o fígado como uma peça essencial no combate aos danos cerebrais.

Células CD45+ são células do sistema imunológico que expressam uma molécula chamada CD45 (também conhecida como antígeno comum dos leucócitos) em sua superfície. Essa molécula é um marcador específico de células brancas do sangue (leucócitos), que incluem tipos variados, como linfócitos, monócitos, macrófagos e granulócitos, todos essenciais para a resposta imune e inflamatória.

Essas células desempenham um papel fundamental na defesa do corpo contra infecções e na resposta inflamatória a lesões. Em casos de lesão cerebral ou isquemia, como após uma parada cardíaca, essas células CD45+ podem se infiltrar no tecido cerebral por meio da barreira hematoencefálica comprometida, promovendo uma inflamação intensa. Embora a inflamação seja parte da resposta do corpo a danos, um excesso de células CD45+ no cérebro pode agravar os danos cerebrais, intensificando o processo inflamatório e contribuindo para a morte de neurônios e outras células cerebrais.

Perfusão Assistida pelo Fígado: A Nova Fronteira da Medicina de Emergência

Imagine um cenário em que, após uma parada cardíaca, médicos possam usar um fígado para prolongar o tempo de recuperação cerebral. Portanto, essa tecnologia, inspirada pelos experimentos recentes, é uma possibilidade real para o futuro da medicina. Nos testes com suporte hepático, cérebros mantiveram atividade elétrica e demonstraram menos danos estruturais, um avanço revolucionário para a ciência médica.

Em vez de apenas focar no coração, a inclusão do fígado no suporte pós-parada poderia ampliar significativamente as chances de sobrevivência neurológica. No entanto, para que isso se torne realidade, a medicina precisa urgentemente evoluir. Se os protocolos não começarem a incluir o fígado na reanimação cerebral, continuaremos limitados por práticas obsoletas e a noção equivocada de que a viabilidade do cérebro é curta e inflexível.

Essa descoberta é uma chamada clara para que as práticas de ressuscitação sejam repensadas. Afinal, se o fígado pode salvar cérebros em estado crítico, ignorar essa evidência é deixar de salvar vidas que poderiam ser recuperadas.

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