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Estudo Revela a Existência de Seis Biotipos de Depressão

Estudo Revela a Existência de Biotipos de Depressão
Estudo Revela a Existência de Biotipos de Depressão
Índice
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Depressão é um problema global de saúde pública que afeta milhões de pessoas no mundo. Tradicionalmente, a visão clássica da depressão considera a condição como um transtorno homogêneo, tratável com uma abordagem única, geralmente envolvendo antidepressivos ou terapia cognitivo-comportamental. No entanto, um estudo recente publicado na revista Nature Medicine, explora a classificação de diferentes biotipos de depressão e sua resposta a várias terapias, trazendo novas esperanças para tratamentos mais eficazes.

Como Mediram Depressão

O estudo contou com uma amostra de 801 participantes com depressão e ansiedade, além de 137 controles saudáveis. A média de idade dos participantes foi de 34,24 anos, com uma distribuição equilibrada entre os sexos (58% mulheres, 41% homens e 1% outros). O tempo médio de depressão entre os participantes foi de 11 anos. Em termos de etnia: 58% eram brancos, 23% asiáticos, 2% negros ou afro-americanos, e o restante composto por outras etnias ou múltiplas etnias.

As coletas ocorreram em várias regiões dos Estados Unidos e Austrália, abrangendo um período de aproximadamente três anos. As coletas envolveram a realização de ressonâncias magnéticas funcionais (fMRI). Assim, os pesquisadores mediram a atividade e conectividade cerebral dos participantes em estado de repouso e durante a execução de tarefas cognitivas e emocionais específicas. Essa técnica permitiu a quantificação de medidas de circuitos cerebrais em um nível individual, usando um sistema padronizado de processamento de imagens. Além disso, foram coletadas informações detalhadas sobre os sintomas, histórico clínico e respostas a diferentes tratamentos, tanto farmacológicos quanto terapias comportamentais.

Biotipos de Depressão

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Os pesquisadores identificaram seis biotipos distintos de depressão, baseados em perfis de conectividade funcional e ativação cerebral. Perfis de conectividade funcional referem-se a como diferentes regiões do cérebro se comunicam entre si. Já a ativação cerebral se refere ao nível de atividade dessas regiões durante tarefas específicas ou em repouso.

Os seis biotipos são:

Os biotipos, que originalmente levam o nome que está entre parênteses, foram nomeados para facilitar o entendimento.

  1. Respostas Lentas (DC⁺SC⁺AC⁺): Este biotipo apresenta hiperconectividade nos circuitos default mode (responsável por processos internos e pensamento introspectivo), saliência (envolvido na detecção e resposta a estímulos importantes) e atenção (crucial para foco e processamento de informações). Pessoas com esse biotipo tendem a ter respostas emocionais e atencionais mais lentas.
  2. Concentração Dificultada (AC⁻): Caracterizado por hipoconectividade no circuito de atenção. Isso significa que essas pessoas têm menor conectividade funcional nas áreas cerebrais envolvidas no foco e processamento de informações. Elas podem ter dificuldades com concentração e impulsividade.
  3. Emoção Exagerada (NSA⁺PA⁺): Este biotipo apresenta hiperatividade durante o processamento consciente de emoções negativas (como tristeza) e positivas (como felicidade). A hiperatividade ocorre principalmente nas regiões subcorticais e corticais envolvidas no processamento emocional, resultando em anedonia e uma resposta emocional exagerada.
  4. Difícil Regulação (CA⁺): Definido por hiperatividade no circuito de controle cognitivo, que é responsável pela regulação do comportamento e controle de impulsos. Pessoas com esse biotipo apresentam maior atividade nas áreas cerebrais que gerenciam tarefas cognitivas complexas. No entanto, também podem ter dificuldades com a regulação emocional e viés negativo.
  5. Controle Reduzido (NTC⁻CA⁻): Este biotipo apresenta redução na conectividade do circuito de afeto negativo durante o processamento consciente de ameaças. Além disso, também possuem uma redução na atividade do circuito de controle cognitivo. Isso pode levar a uma menor capacidade de controlar emoções e processar ameaças de maneira eficaz.
  6. Funcional Saudável (DₓSₓAₓNₓPₓCₓ): Não apresenta nenhuma disfunção proeminente em comparação com outros biotipos ou com a norma saudável. Este biotipo é considerado “intacto”, sem desvios significativos nas medidas de conectividade ou ativação cerebral. Em outras palavras, as pessoas com este biotipo não exibem padrões disfuncionais evidentes que diferenciem significativamente seus cérebros dos indivíduos saudáveis.

Esses biotipos ajudam a explicar a variabilidade na apresentação dos sintomas de depressão e a resposta aos diferentes tratamentos. Dessa forma, permitindo uma abordagem mais personalizada e eficaz no manejo da doença.

Terapias Utilizadas Para Tratar a Depressão

Os participantes do estudo foram submetidos a diferentes tratamentos, incluindo:

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Farmacoterapia:

  • Escitalopram: Um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS), utilizado para tratar depressão e ansiedade.
  • Sertralina: Outro ISRS, comumente prescrito para depressão, transtorno de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e outros distúrbios.
  • Venlafaxina: Um inibidor da recaptação de serotonina e norepinefrina (IRSN), utilizado para tratar depressão, ansiedade e transtorno do pânico.

Terapia Comportamental:

  • I-CARE (Intervenção Comportamental Integrada): Uma abordagem que combina resolução de problemas com ativação comportamental. Assim, focando em mudar comportamentos disfuncionais e melhorar habilidades de resolução de problemas.
  • U-CARE (Cuidados Usuais): Tratamento padrão oferecido aos pacientes, que pode incluir aconselhamento e suporte geral, mas sem as intervenções estruturadas do I-CARE.

Respostas dos Biotipos aos Tratamentos

Os biotipos de depressão responderam de maneira variada aos diferentes tratamentos, conforme detalhado abaixo:

  1. Respostas lentas: Este biotipo, caracterizado por hiperconectividade nos circuitos default mode, saliência e atenção, respondeu melhor à terapia comportamental I-CARE em comparação com outros biotipos. Dessa forma, os indivíduos deste grupo mostraram uma melhoria significativa com a abordagem terapêutica que foca na ativação comportamental e resolução de problemas.
  2. Concentração dificultada: Os indivíduos com este biotipo, que apresentam hipoconectividade no circuito de atenção, tiveram uma resposta menos eficaz ao I-CARE. Assim, sugerindo que esses pacientes podem se beneficiar mais de abordagens iniciais que tratem diretamente a hipoconectividade, possivelmente com medicamentos que aumentem a conectividade funcional antes de iniciar a terapia comportamental.
  3. Emoção exagerada: Este biotipo apresenta hiperatividade durante o processamento consciente de emoções negativas e positivas. Então, a hiperatividade nestas áreas pode indicar que esses indivíduos respondem bem a terapias que visam regular a atividade emocional. Contudo, o estudo não detalha especificamente qual tratamento foi mais eficaz para este grupo. No entanto, tratamentos focados em estabilizar a resposta emocional podem apresentar bons resultados.
  4. Difícil Regulação: Definido por hiperatividade no circuito de controle cognitivo, este biotipo mostrou melhor resposta à venlafaxina. A medicação parece ajudar a regular a hiperatividade nos circuitos de controle cognitivo, levando a uma melhora nos sintomas depressivos e na regulação emocional.
  5. Controle Reduzido: Este biotipo, caracterizado por redução na conectividade do circuito de afeto negativo e no circuito de controle cognitivo, pode exigir uma abordagem combinada. Dessa forma, recomenda-se o uso de tanto farmacoterapia quanto terapias comportamentais que melhorem a conectividade e a função cognitiva.
  6. Funcional Saudável: Indivíduos neste biotipo não apresentam disfunções proeminentes em comparação com a norma saudável. Portanto, suas respostas aos tratamentos podem variar amplamente, e uma abordagem mais personalizada é essencial. Eles podem responder bem a tratamentos padrão. Entretanto, a ausência de disfunções específicas sugere que o ajuste fino dos tratamentos com base nos sintomas individuais é crucial.

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Implicações para o Tratamento da Depressão

A principal descoberta deste estudo é a identificação de biotipos distintos de depressão, que podem ser usados para personalizar tratamentos de maneira mais eficaz. Dessa forma, essa abordagem tem o potencial de revolucionar a forma como tratamos a depressão, permitindo terapias mais adequadas e específicas com base nos perfis neurobiológicos individuais dos pacientes. Ao adaptar os tratamentos às necessidades específicas de cada biotipo, podemos melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, reduzir a carga global da depressão e otimizar os recursos de saúde.

Esses achados fornecem uma base sólida para a implementação de abordagens de medicina de precisão no campo da psiquiatria. A personalização dos tratamentos não só promete aumentar a eficácia das terapias, mas também reduzir o tempo necessário para encontrar a intervenção mais adequada e minimizar os efeitos colaterais comumente reportados em medicamentos psiquiátricos. Com a identificação de biotipos específicos, podemos esperar um avanço significativo na forma como entendemos e tratamos a depressão e outras doenças mentais.

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