A regulação do estresse em bebês é um processo complexo que depende fortemente do contato materno e proximidade com seus cuidadores. Estudos recentes mostram que gestos simples, como segurar e carregar o bebê, não só transmitem conforto, mas também ativam sistemas fisiológicos de calma no organismo infantil. A presença física, o toque e a voz materna têm o poder de reduzir o ritmo cardíaco. Além disso, também pode baixar os níveis de cortisol (hormônio do estresse) e acalmar o choro. Esse fenômeno é chamado de co-regulação: é como se o cérebro do bebê se sintonizasse ao do adulto para encontrar equilíbrio emocional.
Essas interações sensíveis entre mãe e filho são essenciais para o desenvolvimento de um apego seguro. Ao responder prontamente aos sinais de desconforto, o cuidador ensina ao bebê, por repetição, que o mundo pode ser previsível e acolhedor. Com o tempo, essas experiências de conforto são internalizadas e ajudam a criança a lidar melhor com emoções e situações desafiadoras à medida que cresce.
Além disso, a rotina de contato físico não apenas acalma o bebê, mas também favorece o sono, reduz a irritabilidade e reforça os laços afetivos. O simples ato de carregar o bebê no colo se mostra, cada vez mais, um recurso insubstituível para promover bem-estar nos primeiros meses de vida.
Caminhar ao Ar Livre e Contato Materno Reduzem o Estresse dos Bebês
Um experimento realizado nos Países Baixos, publicado no Journal of Environmental Psychology, investigou se um passeio ao ar livre ou o contato físico materno poderiam ajudar bebês a regular o estresse após uma experiência levemente desconfortável em laboratório. Liderado por Nicole Rheinheimer e colegas, o estudo recrutou 101 duplas de mães e bebês, divididas em quatro grupos. Todas as crianças passaram por um “banho simulado” – um procedimento que consistia em despir, “lavar” com pano seco, pesar e vestir novamente o bebê – projetado para ser um estressor leve e padronizado.
Após esse momento, metade das mães saiu para uma caminhada de 30 minutos em um bosque urbano, enquanto a outra metade permaneceu em ambiente interno. Em cada contexto, parte das mães carregou seus bebês em suportes peitorais, e a outra parte usou carrinhos. Durante todo o processo, amostras de saliva foram coletadas para medir os níveis de cortisol de mães e bebês, além de avaliações de humor e tempo de sono dos pequenos.
Os resultados foram reveladores: bebês carregados no colo tiveram uma queda maior nos níveis de cortisol do que aqueles que ficaram no carrinho, independentemente de estarem dentro de casa ou caminhando ao ar livre. Curiosamente, os bebês no colo durante o passeio ao ar livre dormiram mais do que os que ficaram em carrinho em ambiente interno, sugerindo um efeito combinado de natureza e contato físico.
Benefícios Também para as Mães e Novos Caminhos de Pesquisa
Os efeitos positivos não se restringiram aos bebês. Mães que carregaram seus filhos também apresentaram maiores reduções de estresse, medido pelo cortisol, em comparação com aquelas que empurraram carrinhos. No entanto, permanecer em ambiente interno foi ainda mais eficaz para reduzir o estresse materno do que sair para caminhar. Dessa forma, isto pode estar relacionado ao esforço físico do passeio ou a um ambiente doméstico mais controlado.
O “banho simulado” não aumentou o cortisol dos bebês, indicando que não foi um estressor significativo. Mesmo assim, as reduções de estresse observadas após o contato físico reforçam o papel do colo como mecanismo de bem-estar imediato. Os autores concluem que tanto o contato físico quanto o tempo ao ar livre podem ser aliados para a saúde emocional de bebês e mães. Isso incentiva pesquisas sobre como experiências na natureza impactam o desenvolvimento infantil.
O estudo também destaca a importância de entender melhor como diferentes formas de interação influenciam o estresse e fortalecem vínculos saudáveis. Formas de interação como carregar, embalar ou simplesmente estar presente podem ter efeitos distintos. Com esses resultados, a pesquisa amplia o entendimento científico sobre os benefícios do colo e do contato nos primeiros anos de vida.