Dobromir Rahnev, Georgia Institute of Technology
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É possível fazer upload da consciência da sua mente para um computador? – Amreen, 15 anos, Nova Delhi, Índia
O conceito, legal mas talvez um pouco assustador, é conhecido como upload da mente. Pense nisso como uma forma de criar uma cópia do seu cérebro, uma transmissão da sua mente e consciência para um computador. Lá você viveria digitalmente, talvez para sempre. Você teria consciência de si mesmo, manteria suas memórias e ainda se sentiria como você. Mas você não teria um corpo.
Dentro desse ambiente simulado, você poderia fazer qualquer coisa que faz na vida real – comer, dirigir um carro, praticar esportes. Você também poderia fazer coisas impossíveis no mundo real, como atravessar paredes, voar como um pássaro ou viajar para outros planetas. O único limite é o que a ciência pode simular realisticamente.
Possível? Teoricamente, o upload da mente deveria ser possível. Ainda assim, você pode se perguntar como isso poderia acontecer. Afinal, os pesquisadores mal começaram a entender o cérebro.
No entanto, a ciência tem um histórico de transformar possibilidades teóricas em realidade. Só porque um conceito parece terrivelmente, inimaginavelmente difícil não significa que seja impossível. Considere que a ciência levou a humanidade à Lua, sequenciou o genoma humano e erradicou a varíola. Essas coisas também foram consideradas improváveis.
Como um cientista do cérebro que estuda a percepção, eu espero plenamente que o upload da mente seja uma realidade um dia. Mas hoje, estamos muito longe disso.
Vivendo em um Laptop
O cérebro é frequentemente considerado o objeto mais complexo do universo conhecido. Replicar toda essa complexidade será extraordinariamente difícil.
Um requisito: O cérebro carregado precisa dos mesmos inputs que sempre teve. Em outras palavras, o mundo externo deve estar disponível para ele. Mesmo enclausurado dentro de um computador, você ainda precisaria de uma simulação dos seus sentidos, uma reprodução da capacidade de ver, ouvir, cheirar, tocar, sentir – assim como mover, piscar, detectar sua frequência cardíaca, definir seu ritmo circadiano e fazer milhares de outras coisas.
Mas por quê? Você não poderia simplesmente existir em uma bolha mental pura, dentro do computador sem input sensorial?
Privar as pessoas de seus sentidos, como colocá-las em total escuridão, ou em uma sala sem som, é conhecido como privação sensorial, e é considerado uma forma de tortura. Pessoas que têm problemas para sentir seus sinais corporais – sede, fome, dor, uma coceira – frequentemente têm desafios de saúde mental.
É por isso que, para o upload da mente funcionar, a simulação dos seus sentidos e o ambiente digital em que você está devem ser excepcionalmente precisos. Mesmo distorções menores poderiam ter sérias consequências mentais.
Por enquanto, os pesquisadores não têm o poder de computação, muito menos o conhecimento científico, para realizar tais simulações.
Tecnologia de escaneamento nova e atualizada é uma necessidade.
Escaneando Bilhões de Cabeças de Alfinete
A primeira tarefa para um upload bem-sucedido da mente: Escanear, depois mapear a estrutura 3D completa do cérebro humano. Isso requer o equivalente a uma máquina de ressonância magnética extraordinariamente sofisticada que pudesse detalhar o cérebro de forma avançada. No momento, os cientistas estão apenas nos estágios iniciais do mapeamento cerebral – que inclui o cérebro inteiro de uma mosca e pequenas porções de um cérebro de rato.
Em algumas décadas, um mapa completo do cérebro humano pode ser possível. No entanto, mesmo capturar as identidades de todos os 86 bilhões de neurônios, todos menores que uma cabeça de alfinete, mais suas trilhões de conexões, ainda não é suficiente. Fazer upload dessas informações por si só para um computador não vai realizar muito. Isso porque cada neurônio ajusta constantemente seu funcionamento, e isso também precisa ser modelado.
É difícil saber quantos níveis abaixo os pesquisadores precisam ir para fazer o cérebro simulado funcionar. É suficiente parar no nível molecular? No momento, ninguém sabe.
A imortalidade tecnológica vem com preocupações éticas significativas.
2045? 2145? Ou mais Tarde?
Saber como o cérebro computa coisas pode fornecer um atalho. Isso permitiria que os pesquisadores simulassem apenas as partes essenciais do cérebro, e não todas as idiossincrasias biológicas. É mais fácil fabricar um carro novo sabendo como um carro funciona, em comparação com tentar escanear e replicar um carro existente sem qualquer conhecimento de seu funcionamento interno.
No entanto, essa abordagem requer que os cientistas descubram como o cérebro cria pensamentos – como coleções de milhares a milhões de neurônios se unem para realizar as computações que fazem a mente humana ganhar vida. É difícil expressar o quão longe estamos disso.
Aqui está outra maneira: Substitua os 86 bilhões neurônios reais por artificiais, um de cada vez. Essa abordagem tornaria o upload da mente muito mais fácil. No momento, porém, os cientistas não podem substituir nem mesmo um único neurônio real por um artificial.
Mas tenha em mente que o ritmo da tecnologia está acelerando exponencialmente. É razoável esperar melhorias espetaculares no poder de computação e na inteligência artificial nas próximas décadas.
Uma outra coisa é certa: O upload da mente certamente não terá problemas para encontrar financiamento. Muitos bilionários parecem felizes em desembolsar muito de seu dinheiro por uma chance de viver para sempre.
Embora os desafios sejam enormes e o caminho a seguir incerto, eu acredito que um dia, o upload da mente será uma realidade. As previsões mais otimistas apontam para o ano de 2045, daqui a apenas 20 anos. Outros dizem o final deste século.
Mas na minha opinião, ambas essas previsões são provavelmente muito otimistas. Eu ficaria chocado se o upload da mente funcionar nos próximos 100 anos. Mas pode acontecer em 200 – o que significa que a primeira pessoa a viver para sempre pode nascer durante sua vida.
Olá, crianças curiosas! Você tem uma pergunta que gostaria que um especialista respondesse? Peça a um adulto para enviar sua pergunta para CuriousKidsUS@theconversation.com. Por favor, diga seu nome, idade e a cidade onde você mora.
E como a curiosidade não tem limite de idade – adultos, nos digam o que vocês também estão se perguntando. Não conseguiremos responder todas as perguntas, mas faremos o nosso melhor.
Dobromir Rahnev, Associate Professor of Psychology, Georgia Institute of Technology
Este artigo é republicado de The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.
