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Como a Lamotrigina Atua no Cérebro Além do Controle de Transtornos

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Índice

A lamotrigina é conhecida principalmente como um estabilizador de humor e anticonvulsivante, frequentemente receitada para prevenir episódios depressivos no transtorno bipolar. No entanto, seu efeito direto sobre a cognição emocional humana ainda é pouco explorado. Um novo estudo publicado na Psychological Medicine traz uma novidade: uma única dose de lamotrigina foi capaz de direcionar a memória emocional dos participantes para um viés mais positivo. Isso ocorreu, mesmo sem provocar mudanças no humor ou percepção emocional em geral.

A motivação para esse estudo surgiu da observação de que diversos antidepressivos, antes mesmo de melhorarem o humor, tendem a modificar o processamento de informações emocionais. Pois as pessoas começam a se lembrar mais de palavras e experiências positivas, o que, ao longo do tempo, pode ajudar a aliviar sintomas depressivos. Os pesquisadores queriam saber se a lamotrigina, utilizada no tratamento de bipolaridade, teria um efeito semelhante.

O Experimento: Da Dose Única de Lamotrigina à Memória Emocional

Pesquisadores das universidades de Oxford e Minho recrutaram 36 adultos saudáveis, sem histórico de doenças neurológicas ou psiquiátricas. Em um experimento duplo-cego, metade recebeu uma única dose de 300 mg de lamotrigina, enquanto o restante recebeu placebo. Três horas após a dose, todos participaram de tarefas do Oxford Emotional Test Battery, uma bateria computadorizada para avaliar como processam e recordam informações emocionais. Além disso, também responderem a questionários de humor e ansiedade.

A descoberta central veio de uma tarefa em que os participantes precisavam recordar palavras de valor emocional apresentadas anteriormente, todas relacionadas à personalidade (“gentil”, “egoísta”, “corajoso”, etc.). Aqueles que receberam lamotrigina lembraram mais palavras positivas do que negativas, ao contrário do grupo placebo. Esse efeito sugere que o medicamento pode aumentar temporariamente o acesso a memórias com conteúdo positivo sobre si mesmo.

Curiosamente, o efeito foi específico para a memória emocional. Portanto, lamotrigina não alterou o reconhecimento de expressões faciais, a categorização de palavras emocionais nem o humor relatado. Não houve, portanto, mudanças globais na percepção emocional ou bem-estar momentâneo.

Implicações e Limitações: O Que Esse Viés Positivo Pode Significar

Esses achados reforçam teorias modernas sobre antidepressivos: o caminho para a melhora do humor pode começar por uma mudança sutil na forma como o cérebro lida com informações afetivas. Em pessoas com depressão, a tendência é focar em experiências negativas ou autopercepções desfavoráveis. Um medicamento que “inclina a balança” para memórias positivas pode facilitar, ao longo do tempo, uma visão de si menos vulnerável à depressão.

Apesar do resultado animador, o estudo apresenta limitações importantes. O número de participantes foi pequeno e todos eram saudáveis, sem histórico de transtornos do humor. Em outras palavras, não é possível garantir que o mesmo efeito se aplique a quem convive com depressão ou bipolaridade. Outro ponto é que o viés positivo foi o único resultado significativo em meio a diversos testes. Ademais, o estudo não ajustou as análises para múltiplas comparações, o que pode aumentar o risco de falsos positivos.

Além disso, quem tomou lamotrigina relatou mais efeitos colaterais e níveis mais altos de ansiedade antes mesmo do início do estudo, o que pode ter influenciado os resultados. Por fim, o efeito observado foi temporário e restrito à memória emocional de curto prazo.

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Novas Fronteiras: O Que Pesquisar a Partir de Agora

A pesquisa contribui para o entendimento dos mecanismos de ação da lamotrigina e sugere que seu impacto vai além do controle das crises bipolares. No futuro, será essencial testar se o viés positivo na memória emocional se mantém com uso prolongado e se, em pacientes com transtornos do humor, está associado a menos recaídas ou sintomas depressivos.

O estudo também incentiva pesquisas com amostras maiores, avaliações de memória emocional em diferentes contextos clínicos e testes que explorem como a lamotrigina interage com o aprendizado e a recordação de experiências afetivas em longo prazo. Saber como os medicamentos realmente afetam a forma como as pessoas se lembram e interpretam suas próprias vidas pode abrir caminho para tratamentos mais personalizados e eficazes na saúde mental.

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