A doença de Alzheimer (AD) é uma condição neurodegenerativa complexa, caracterizada por mudanças neuropatológicas significativas, incluindo a formação de placas extracelulares de beta-amilóide (Ab) e emaranhados neurofibrilares (NFTs) intracelulares. Essas alterações patológicas resultam em danos progressivos ao cérebro, afetando a memória, o pensamento e outras funções cognitivas essenciais. Portanto, identificar biomarcadores eficazes para o diagnóstico precoce torna-se essencial para melhorar a detecção e o tratamento da doença. Dessa forma, possibilitando intervenções mais precoces e potencialmente mais eficazes, além de proporcionar uma melhor qualidade de vida aos pacientes.
Biomarcadores Principais
- Beta-amilóide (Ab): A beta-amilóide é um peptídeo derivado da proteína precursora amiloide (APP). Ela é formada através de dois passos enzimáticos: a clivagem extracelular pela beta-secretase, seguida pela clivagem dentro do domínio transmembranar pela gama-secretase. O isômero Ab1-42, em particular, tende a se agregar e formar placas fibrilares no cérebro, sendo um dos primeiros e mais proeminentes sinais patológicos da AD. Além disso, nos pacientes com AD, há uma redução significativa (cerca de 50%) nas concentrações de Ab1-42 no líquido cefalorraquidiano (LCR) em comparação com controles saudáveis. Isso ocorre porque o Ab se acumula no cérebro, formando placas e diminuindo sua presença no LCR.
- Tau Fosforilado (p-tau): A proteína tau é uma proteína associada a microtúbulos que ajuda na estabilização das estruturas celulares. Na AD, a tau sofre hiperfosforilação, assim, formando emaranhados neurofibrilares (NFTs). A hiperfosforilação de tau prejudica sua capacidade de se ligar aos microtúbulos, desestabilizando-os e contribuindo para a degeneração neuronal. Diferentes isoformas de p-tau, como p-tau181 e p-tau231, são úteis para discriminar AD de outras demências. As concentrações de p-tau no LCR estão aumentadas em pacientes com AD, correlacionando-se com a presença de NFTs no cérebro e indicando a progressão da AD.
Métodos de Avaliação
- Análise do LCR: A coleta do LCR é realizada através de uma punção lombar (também conhecida como “raqui” ou “punção espinhal”). Portanto, este procedimento é relativamente seguro e permite a análise das concentrações de Ab1-42 e p-tau. A redução de Ab1-42 e o aumento de p-tau no LCR são indicativos de AD.
- PET Imaging: Técnicas de imagem como PiB-PET (Pittsburgh Compound B) são usadas para visualizar depósitos de Ab no cérebro. PiB-PET utiliza um marcador radioativo que se liga às placas de amilóide, permitindo a visualização da carga de placas fibrilares no cérebro. Além disso, esse método mostra um aumento da captação de PiB em áreas específicas do cérebro de pacientes com AD, indicando a presença de placas de amilóide.
Importância Clínica
A combinação de biomarcadores Ab1-42 e p-tau melhora significativamente a precisão diagnóstica, permitindo a detecção precoce da AD e a estratificação adequada de pacientes em ensaios clínicos. Esses biomarcadores não apenas ajudam no diagnóstico, mas também têm potencial terapêutico, indicando alterações patofisiológicas antes do surgimento da demência clínica.
Estudos Longitudinais Utilizando Biomarcadores
Pesquisas indicam que níveis baixos de Ab1-42 no LCR em indivíduos com comprometimento cognitivo leve (MCI) podem prever a conversão para AD. Assim, oferecendo uma janela crucial para intervenções precoces. Portanto, o uso de biomarcadores como Ab e p-tau é essencial para a detecção precoce da doença de Alzheimer, melhorando as estratégias de diagnóstico e tratamento. Dessa forma, aplicar métodos padronizados para coletar e analisar esses biomarcadores garantem resultados consistentes e precisos.