A beleza é frequentemente vista como uma preocupação exclusiva dos adultos. No entanto, um novo estudo publicado no Child Development revela que essas questões começam muito antes do que se imagina. Os pesquisadores descobriram que meninas a partir dos três anos de idade já atribuem um valor significativo à atratividade pessoal, mais do que os meninos da mesma faixa etária.
Essas descobertas jogam luz sobre o desenvolvimento precoce das diferenças de gênero na valorização da aparência. Desde cedo, as expectativas sociais sobre o que significa ser menina ou menino já começam a moldar os valores e identidades das crianças.
Como a Beleza Se Torna Parte da Identidade das Meninas Já na Primeira Infância
A motivação dos pesquisadores veio da necessidade de entender quando e como essas diferenças surgem. Pesquisas anteriores já mostraram que, na adolescência, muitas meninas ligam profundamente sua autoestima à aparência e beleza. Contudo, pouco se sabia sobre o momento exato em que essas preocupações se iniciam e se os meninos compartilham dessas mesmas inquietações.
Para investigar, os pesquisadores recrutaram 170 crianças entre três e cinco anos de centros infantis nas regiões metropolitanas de Los Angeles e Orange County. A amostra era diversa, incluindo crianças de origens latinas, multiétnicas e norte-americanas brancas, refletindo a composição demográfica da região.
A Valorização da Aparência na Primeira Infância
Durante o estudo, os pesquisadores entrevistaram as crianças individualmente com uma série de atividades e perguntas para avaliar o quanto valorizavam a atratividade e a beleza. Assim, exploraram desde preferências por profissões relacionadas à aparência até escolhas de roupas mais chamativas e memorização de detalhes de vestuário. Por exemplo, eles convidaram as crianças a escolher entre diferentes conjuntos de roupas, algumas mais elaboradas e associadas a estereótipos de gênero.
Além disso, também questionaram as crianças diretamente sobre a importância de serem atraentes. Para as meninas, eles perguntaram se achavam importante elas serem bonitas. Por outro lado, para os meninos eles questionaram sobre a importância de serem bonitos. Os pesquisadores ainda avaliaram o conhecimento das crianças sobre estereótipos de gênero e atratividade. Assim, perguntando se elas acreditavam que meninas ou meninos precisavam ser atraentes e qual gênero se importava mais com a aparência.
O que chamou a atenção foi que, em todas as medidas avaliadas no estudo, as meninas atribuíram mais importância à atratividade pessoal do que os meninos. Elas preferiram profissões relacionadas à aparência, como bailarina ou cabeleireira. Além disso, mostraram uma preferência maior por roupas mais femininas e lembraram com mais detalhes aspectos ligados ao vestuário e à aparência.
Por Que a Beleza na Infância Importa Mais do que Você Imagina?
Os resultados são alarmantes. Desde muito cedo, meninas já associam fortemente a atratividade com sua identidade de gênero. Elas acreditam que ser menina significa, em grande parte, possuir beleza. Por outro lado, os meninos tendem a não estabelecer essas conexões de forma tão intensa, indicando que a aparência não é tão central para a construção de sua identidade.
Curiosamente, essas diferenças de gênero não variam significativamente entre três e cinco anos. Dessa forma, sugerindo que as meninas começam a valorizar a atratividade muito cedo, e esse padrão permanece relativamente estável durante a infância.
Os pesquisadores destacam que essas conclusões devem servir como um alerta. Vivemos em uma sociedade onde as expectativas culturais sobre a beleza feminina são tão enraizadas que muitas vezes nem nos questionamos sobre elas. Ver meninas tão jovens já internalizando esses valores pode parecer “óbvio” para alguns, mas por que isso é tão esperado?
A Realidade por Trás da Beleza Infantil: Reflexões e Implicações que Não Podemos Ignorar
A cultura popular impõe desde cedo padrões de beleza às mulheres, penalizando aquelas que não os seguem, independentemente de suas habilidades ou conquistas. Meninas que se destacam na escola, nos esportes ou em outras atividades ainda se sentem pressionadas a serem “boas” em todos os sentidos, incluindo na aparência. O fato de essas preocupações aparecerem já aos três anos é um sinal claro de que as mensagens sobre beleza estão profundamente enraizadas na sociedade.
A mídia, os brinquedos e até os comportamentos dos próprios adultos ao redor das crianças reforçam essas expectativas desde cedo. Como resultado, as meninas assimilam quase automaticamente a ideia de que ser menina significa, em grande parte, ser bonita, o que molda sua identidade desde muito cedo.
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