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O Boom do Ensino Digital e o Desafio da Autoeficácia no Século XXI

O Boom do Ensino Digital e o Desafio da Autoeficácia no Século XXI
O Boom do Ensino Digital e o Desafio da Autoeficácia no Século XXI
Índice

O ensino superior online se consolidou globalmente nas últimas décadas, impulsionado por fatores econômicos, sociais e, mais recentemente, pela pandemia de COVID-19. Na Austrália, observou-se crescimento contínuo das matrículas em cursos totalmente online, saltando de 17,5% em 2010 para 21,9% em 2015, conforme dados analisados por Stone e O’Shea. Esse cenário reflete uma tendência internacional, na qual o ensino remoto se tornou não apenas alternativa, mas também via de acesso para públicos diversos, incluindo estudantes de baixa renda, residentes em regiões remotas e pessoas com deficiência.

Ao mesmo tempo em que amplia o acesso, o ensino superior digital impõe desafios relevantes. Estudos apontam que as taxas de conclusão de cursos online permanecem inferiores às do ensino presencial, chegando a uma diferença de quase 30 pontos percentuais. Entre os fatores críticos para retenção e sucesso acadêmico, o engajamento do estudante emerge como variável-chave. Diante disso, entender os elementos que influenciam o engajamento — especialmente em plataformas digitais — tornou-se prioridade estratégica para universidades e educadores em todo o mundo.

A literatura recente revisada por Getenet, Cantle, Redmond e Albion explora a complexidade desse cenário, destacando o papel de fatores psicológicos, técnicos e sociais na aprendizagem digital. A análise revela que o sucesso não depende apenas do acesso à tecnologia, mas de uma teia de atitudes, competências e experiências subjetivas que moldam o engajamento do estudante.

Como a Autoeficácia Redefine o Sucesso no Ensino Online

O estudo realizado por Getenet e colegas envolveu 110 estudantes universitários de primeiro ano, matriculados em cursos de formação docente em uma universidade regional australiana. O objetivo foi testar um modelo explicativo que relaciona atitudes em relação à tecnologia, alfabetização digital, autoeficácia e múltiplas dimensões do engajamento online. A pesquisa utilizou instrumentos validados internacionalmente e análise por modelagem de equações estruturais (AMOS 28), assim permitindo examinar tanto as relações diretas quanto mediadas entre as variáveis.

Os autores definiram autoeficácia digital como a crença do estudante em sua capacidade de utilizar recursos tecnológicos para alcançar metas acadêmicas em ambientes virtuais. A alfabetização digital foi entendida de modo amplo, abarcando desde competências técnicas até a capacidade crítica de selecionar, avaliar e aplicar ferramentas digitais em contextos educacionais. O engajamento foi analisado segundo cinco dimensões: social, colaborativa, cognitiva, comportamental e emocional.

A amostra, composta majoritariamente por mulheres jovens, refletiu a diversidade de situações de estudo (tempo integral e parcial, modalidades híbridas e totalmente online). O uso de escalas Likert e validação estatística rigorosa fortaleceu a confiabilidade dos resultados e permitiu a identificação de padrões consistentes nas respostas.

Atitudes Digitais e Alfabetização: O que de Fato Gera Autoeficácia?

Um dos achados centrais do estudo é que a atitude positiva frente à tecnologia digital é o principal propulsor da autoeficácia em ambientes virtuais. Estudantes que manifestam entusiasmo, curiosidade e receptividade diante das inovações tecnológicas apresentam níveis mais altos de confiança para enfrentar os desafios do ensino online. Esse efeito foi estatisticamente significativo e consistente.

Por outro lado, a alfabetização digital — embora importante — não mostrou impacto relevante na autoeficácia entre estudantes iniciantes. Os autores sugerem que, para novatos, o sentimento de capacidade não está ancorado em habilidades objetivas, mas em percepções subjetivas, experiências anteriores e disposições emocionais. Essa constatação desafia o senso comum, que tende a valorizar apenas competências técnicas, e propõe um olhar mais amplo sobre o preparo para o ensino remoto.

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A discussão também aponta possíveis explicações: o uso cotidiano de tecnologias pode gerar uma ilusão de competência, ou, ainda, estudantes do primeiro ano podem subestimar as demandas cognitivas do aprendizado digital estruturado. Para avançar nesse campo, os autores recomendam aprofundar o conceito de alfabetização digital, diferenciando habilidades operacionais de competências críticas e reflexivas.

Autoeficácia Digital e as Cinco Dimensões do Engajamento Online

A pesquisa confirmou que a autoeficácia digital impulsiona significativamente todas as dimensões do engajamento online. Estudantes confiantes na própria capacidade tecnológica tendem a buscar interação social, desenvolver redes colaborativas, engajar-se cognitivamente com os conteúdos, adotar comportamentos participativos e gerenciar melhor as próprias emoções frente aos desafios virtuais.

O engajamento social, por exemplo, se manifesta na construção de vínculos e senso de pertencimento. Assim, reduzindo sentimentos de isolamento — um dos principais fatores de evasão em ambientes online. No plano colaborativo, destaca-se o valor do trabalho em equipe, da troca de experiências e da construção de redes profissionais já durante a formação acadêmica. A dimensão cognitiva está relacionada ao aprofundamento do pensamento crítico, capacidade de integrar conceitos e buscar compreensão aprofundada dos temas. Enquanto o engajamento comportamental traduz-se em participação ativa, cumprimento de tarefas e apoio mútuo entre colegas. Por fim, o engajamento emocional reflete-se na clareza de expectativas, motivação e resiliência diante das adversidades do ambiente digital.

Esses resultados indicam que investir em autoeficácia digital não só melhora o desempenho acadêmico, mas também fortalece competências socioemocionais essenciais para a formação de profissionais adaptáveis e inovadores.

Limites, Implicações Práticas e Aberturas para Pesquisa

Apesar de sua relevância, o estudo apresenta limitações, principalmente relacionadas ao contexto restrito (uma universidade regional australiana e amostra de primeiro ano). Além disso, a autoavaliação dos participantes pode não captar todas as nuances do fenômeno, exigindo triangulação com métodos qualitativos em futuras investigações.

Do ponto de vista prático, os achados reforçam a necessidade de programas de acolhimento e desenvolvimento de atitudes positivas diante da tecnologia, mais do que treinamentos exclusivamente técnicos. Educadores devem atuar não apenas como transmissores de conteúdo, mas como facilitadores de experiências que promovam confiança, autonomia e senso de pertencimento digital. O modelo proposto serve como referência para universidades que buscam aumentar a retenção e o sucesso de alunos em cursos online.

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Para pesquisas futuras, recomenda-se ampliar o espectro de análise para diferentes áreas do conhecimento, perfis demográficos e níveis de experiência. Além disso, aprofundar o entendimento sobre como atitudes, experiências prévias e alfabetização digital se inter-relacionam ao longo da trajetória acadêmica.

O Futuro do Engajamento Passa pela Autoeficácia Digital

A consolidação do ensino superior online depende menos da infraestrutura tecnológica e mais da capacidade das instituições em promover autoeficácia digital entre seus estudantes. O estudo analisado oferece evidências claras de que atitudes positivas em relação à tecnologia e o desenvolvimento da autoconfiança são os motores do engajamento efetivo em ambientes virtuais. Portanto, avançar nessa direção implica repensar estratégias pedagógicas. Além disso, também demanda valorizar dimensões emocionais e sociais e reconhecer que, em tempos de transformação digital acelerada, a verdadeira inovação reside na forma como preparamos pessoas para aprender, colaborar e evoluir em rede.

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