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A Ilusão do Cão Terapêutico: Estudo Aponta Que Somente Ter Um Cachorro Não é a Cura Para a Saúde Mental

Índice

O Mito da Terapia Canina

Ter um cachorro pode ser maravilhoso, mas será que ele realmente melhora a saúde mental? Durante anos, acreditou-se que cães ajudavam a reduzir a ansiedade, combater a depressão e aumentar a felicidade. Entretanto, um estudo recente publicado na BMC Psychology sugere que essa relação pode não ser tão direta quanto se imaginava.

A pesquisa analisou a ligação entre a posse de cães, atividade física e bem-estar mental, mostrando que o que realmente faz diferença para a saúde mental não é passear com o cachorro, mas sim a prática independente de atividades físicas! Ou seja, se você espera que um cão vá magicamente melhorar sua vida, talvez seja melhor repensar essa decisão.

Atividade Física: Com ou Sem Cachorro?

O estudo, conduzido por Kirrily Zablan e sua equipe da Deakin University, reuniu 588 donos de animais, com idades entre 18 e 84 anos, para avaliar como diferentes tipos de atividade física influenciam a saúde mental. Os resultados foram surpreendentes: donos de cães, de fato, eram mais ativos do que aqueles que tinham outros animais, como gatos, pássaros ou peixes.

No entanto, o ponto crucial foi que apenas a atividade física não relacionada aos cães — como correr, praticar esportes ou frequentar a academia — foi associada a melhores indicadores de saúde mental. As caminhadas com os cães e outras atividades relacionadas a pets não tiveram o mesmo impacto na redução da depressão e da ansiedade. Isso sugere que os benefícios do exercício para a mente vêm da prática em si, e não do fato de estar acompanhado de um animal de estimação.

Esse achado põe em xeque a narrativa amplamente divulgada de que ter um cão é uma solução mágica para problemas emocionais. Afinal, se a atividade física é o verdadeiro fator de melhora, não faz diferença se o exercício ocorre ao lado de um cão ou não.

A Solidão e Seus Efeitos na Saúde Mental

A solidão é um fator determinante para a saúde mental, e o estudo identificou que tanto jovens quanto idosos relataram níveis moderados de solidão. Contudo, essa solidão teve um impacto diferente dependendo da idade.

Nos adultos mais jovens, a solidão esteve fortemente associada a sintomas mais elevados de depressão e ansiedade, enquanto nos idosos esse efeito foi menos pronunciado. Esse dado reforça a ideia de que a juventude pode ser um período particularmente vulnerável à solidão, mesmo quando se tem um pet por perto.

Muitos adotam cães esperando que eles sirvam como um antídoto contra a solidão, mas essa expectativa pode ser exagerada. Embora a companhia de um animal possa trazer conforto, ela não substitui interações humanas significativas nem resolve questões emocionais profundas.

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O Perigo de Adotar um Cachorro Pelas Razões Erradas

Um dos alertas mais importantes dos pesquisadores foi sobre o risco de incentivar a adoção de cães como uma solução para a saúde mental. Eles apontam que adquirir um cachorro apenas para tentar melhorar o bem-estar psicológico pode levar a frustrações e, em alguns casos, ao abandono do animal.

Se uma pessoa adota um cão esperando uma melhora imediata em sua saúde mental e não vê essa mudança acontecer, pode acabar negligenciando ou até mesmo devolvendo o animal. Esse cenário traz consequências sérias, tanto para o dono quanto para o cão, que pode sofrer com maus-tratos ou abandono.

A posse responsável de animais exige muito mais do que um desejo de se sentir melhor. Cães precisam de atenção, cuidado e comprometimento, e adotá-los com expectativas irreais pode ser prejudicial para ambas as partes.

A Verdadeira Fórmula Para Melhorar a Saúde Mental

Se você realmente quer melhorar sua saúde mental, a solução não está em ter um cachorro, mas sim em adotar hábitos saudáveis. O estudo deixa claro que o que realmente faz diferença para o bem-estar psicológico é praticar atividades físicas regularmente — independentemente da presença de um pet.

Exercícios como corrida, musculação e esportes coletivos têm impactos comprovados na redução do estresse, na melhoria do humor e na prevenção da depressão. A atividade física libera endorfinas, melhora a qualidade do sono e fortalece a autoestima, benefícios que nenhum animal de estimação pode garantir por si só.

Isso não significa que cães não tenham valor. Eles podem ser ótimos companheiros e trazer alegria para a vida de muitas pessoas. No entanto, a crença de que um cachorro pode curar a depressão ou a ansiedade por si só é um mito perigoso que pode levar a adoções impulsivas e consequências negativas.

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Referência

Zablan, K., Melvin, G., & Hayley, A. (2024). Dog ownership, physical activity, loneliness and mental health: a comparison of older adult and younger adult companion animal owners. BMC Psychology. Disponível aqui.

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